Tricoteiras dos Precatórios não receberam do governo do RS

Sete integrantes do grupo morreram no vôo 3054

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Por Redação
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O grupo conhecido como Tricoteiras dos Precatórios perdeu sete integrantes no vôo 3054 da TAM, mas retomou imediatamente o protesto silencioso, tecendo uma manta de lã, todas as quartas-feiras, na Praça da Matriz, diante do Palácio Piratini, em Porto Alegre. A nova peça já tem pelo menos 500 metros, mais do que o dobro da anterior, queimada na tragédia. Tecida por remanescentes e novas participantes, simboliza a espera pelo pagamento de créditos que pensionistas e aposentados têm com o governo do Rio Grande do Sul - e cresceu tanto porque nada foi quitado nos últimos 12 meses. Na viagem trágica, Nelly Elly Priebe, de 79 anos, Sônia Maria Machado, de 71, Adelaide Moura, de 73, Elcita da Silva Ramos, de 75, Mery Vilma Garsk Vieira, de 78, Suely Leal da Fonseca, de 75 anos e Júlia de Oliveira Camargo, de 79, estavam acompanhadas do advogado Paulo de Tarso Dresch da Silveira, de 41, da secretária Catilene Maia de Oliveira, de 35, e da assessora de Imprensa Kátia da Luz Escobar, de 43 anos. Todos, ligados ao Sindicato dos Servidores Públicos Aposentados e Pensionistas (Sinapers), participariam, no dia seguinte, do lançamento do Movimento Nacional Contra o Calote Público, assim como a enfermeira Nadja Maria Soczecki de Paula, de 52, e o advogado Luiz Fernando Soares Zachini, de 41, ligados ao Sindicato dos Técnicos-Científicos (Sintergs). Em meio à comoção, a governadora Yeda Crusius recebeu representantes das tricoteiras e prometeu começar a pagar precatórios. Um grupo chegou a se reunir duas vezes para estudar o assunto. Hoje a Secretaria da Fazenda dá três explicações para não retomar os pagamentos, suspensos desde 1999: a Assembléia Legislativa rejeitou pacote fiscal que continha a destinação de parte dos juros de depósitos judiciais para um fundo de precatórios, em novembro passado; não há dinheiro; e aguada a aprovação da Proposta de Emenda Constitucional 12, pelo Congresso, para ter regras claras quanto ao pagamento. Os credores rejeitam alguns itens da proposta, especialmente o que admite leilões para quitação com descontos. Enquanto o dinheiro não chega, as tricoteiras seguem na praça. "O tricô só é suspenso em dias de sol forte ou chuva", diz Neusa Moura, de 44, que acompanha as atividades para homenagear a mãe, Adelaide, uma das vítimas. A Dalila de Souza Gonçalves, de 61, diz que "não lutamos por meia dúzia de pessoas, mas por milhares". Elder Ogliari PORTO ALEGRE

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