Tubulação rompe e seca lago da Aclimação

Água foi toda drenada e levou embora peixes, cisnes e marrecos

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Por José Dacauaziliquá
Atualização:

A forte chuva que caiu ontem à tarde na capital causou o rompimento do vertedouro - sistema hidráulico que regula o nível de água - do lago artificial do Parque da Aclimação, na região central de São Paulo. Em menos de uma hora, a área de 34 mil metros quadrados de superfície se transformou em um enorme lodaçal. Cerca de 78 milhões de litros de água foram drenados para o Rio Tamanduateí, arrastando peixes, aves e outros animais. O rompimento do sistema ocorreu às 16h40. Em 50 minutos, o lago já estava completamente vazio. Vizinhos e frequentadores se mobilizaram para salvar os animais. "Quando a água baixou, algumas pessoas começaram a jogar os peixes dentro de baldes para levá-los a um lago próximo, mas muitos morreram", contou Gilverto Amatuzzi, presidente da Associação de Preservação do Cambuci e Vila Teodoro. Até o fim da noite de ontem, o Corpo de Bombeiros tentava resgatar dois cisnes atolados na área central do lago. Habitam o parque aves aquáticas, como o socó-dorminhoco, martim-pescador, marrecos, gansos, patos e aves migratórias. Entre os peixes do lago havia carpas e tilápias. O pizzaiolo Wanderley Florêncio da Silva, de 38 anos, ajudou no resgate dos animais. "Nos organizamos em grupos de dez pessoas. Íamos até uma parte do lago para tentar salvar os peixes e algumas tartarugas. Colocávamos os bichos em baldes e levávamos para um laguinho japonês", contou. Silva, que frequenta o parque há dez anos, reclamou da falta de manutenção no local. "A gente pede, pede, e nada", disse. O psicólogo Luis Martini, de 48 anos, contou que soube do acidente pelo porteiro. "Ele ouviu no rádio e resolvi vir ajudar. Entrei no lago até o nível da cintura e tateei a lama com um pedaço de pau. Vi peixes se debatendo e algumas aves que já estavam fora do lago", contou. De acordo com Amatuzzi, a Prefeitura estava fazendo reformas na rede de esgoto do parque para despoluir o lago. No entanto, ele não soube dizer se as obras têm relação com o acidente. O engenheiro agrônomo Heraldo Guiar, da Secretaria Municipal do Verde e Meio Ambiente, afirmou que as obras não têm relação com o acidente. "O vertedouro regula o nível do lago. Se entra muita água, ele escoa o excedente. Como a base quebrou, ele virou um grande ralo", disse. De acordo com Guiar, os bombeiros andaram 5 metros em direção ao centro do lago, mas ficaram com lama até o peito e desistiram. Depois, tentaram fazer uma passarela com madeirite, mas não conseguiram. No fim da noite, passaram a utilizar cordas para tentar chegar aos cisnes. Hoje, o secretário Eduardo Jorge deve visitar o parque. Uma perícia será realizada.

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