PUBLICIDADE

Tucanos têm aula de oposição

Projeto do PSDB para formar 'multiplicadores' quer marcar Plano Real como divisor de águas

Por Flavia Tavares
Atualização:

"Se tiver um minuto para convencer alguém a votar em José Serra, fale da abertura da telefonia", aconselhou o cientista político André Regis. Um slide associava a estrela do PT a uma ficha telefônica. E o tucano, a um celular. Na palestra para cerca de 160 militantes do PSDB, em São Paulo, não faltaram palavras de ordem: "marquem um divisor de águas entre antes e depois de FHC"; "mostrem ao eleitor em quem não votar"; "não sejam contra programas do Lula, mas digam que eles foram ideia nossa".O encontro no sábado faz parte do Comunicar 45, projeto do presidente do partido, Sérgio Guerra, para formar "multiplicadores" para divulgar as conquistas do PSDB. O programa nasceu da constatação de que o partido não sabe vender seus projetos, especialmente no Nordeste. No mesmo dia, aconteceram palestras em Maceió (AL) e Cabo de Santo Agostinho (PE). O Comunicar 45 já percorreu Recife, Natal, Fortaleza, Salvador, Teresina, São Luís e Garanhuns.Argumentos. Embora a intenção fosse de animar a militância, Regis, responsável por fornecer argumentos para o convencimento "sobretudo dos indecisos", reconheceu as dificuldades do PSDB no papel de oposição. Antes dele, o secretário executivo do partido, Sérgio Silva, havia convocado: "Vamos restabelecer a verdade que negamos nas últimas duas eleições". A autocrítica com relação à eleição de 2006 apareceria muitas vezes durante o encontro.A munição oferecida pelo professor começa com a recomendação de marcar o Plano Real como um divisor de águas: "Uma boa frase é: quem colocou a casa em ordem no Brasil?". Perguntado sobre a linguagem a ser usada, já que a dos adversários é mais popular, Regis cedeu: "Precisamos admitir que não viemos das massas". Sentindo o desconforto dos correligionários, completou: "Mas somos visionários".Ao listar pontos a serem defendidos, falou da "abertura" e da "universalização" da telefonia ? raramente de privatização. Insistiu que o Bolsa-Escola é o precursor do Bolsa-Família. Na comparação entre Lula e FHC, recomendou: "Dê o debate como encerrado. O FHC já ganhou duas vezes".Sobre o embate direto entre José Serra e Dilma Rousseff, a orientação é a mesma que vem sendo usada por lideranças tucanas. Comparar biografias, enfatizando a experiência do governador de São Paulo. "Podemos dizer que há o risco Dilma", disse Regis, ressaltando que "falar da doença dela é proibido". Tópicos a serem usados insistentemente: Dilma e o PT defendem a censura e movimentos sociais que derrubam laranjais e ameaçam a propriedade privada.Redes sociais. Depois do almoço, Luiz Fernando Leitão, consultor em marketing de relacionamento, falou sobre a importância de se montar redes sociais ? de contato direto ou virtuais ? para conquistar eleitores pelo País. O exemplo a ser seguido é o do presidente dos EUA, Barack Obama. "Usem o YouTube, espalhem suas mensagens." Pouco antes, um item da apresentação conclamava: "Fla x Flu ? polarizem a eleição".Leitão explicou como funcionará o projeto Mobiliza ? rede em que cada multiplicador montará uma lista de contatos e passará informações por celular. Questionado sobre a falta de mobilização da militância, que já estaria se sentindo "derrotada", ele respondeu com a conclusão de sua palestra: "desejo que a militância seja como uma escola de samba: cada um faz uma ala, buscando harmonia com as demais". Os quesitos serão votados no dia 3 de outubro.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.