04 de agosto de 2010 | 00h00
Entretanto, o fato de os atos criminosos se repetirem começa a levar as autoridades de segurança pública a suspeitar de que haja uma tentativa de criar uma situação de inquietação na cidade.
Com qual objetivo, o governador Alberto Goldman ainda não se arrisca a dizer, pois não tem informações ou indícios suficientes. Goldman não afirma, mas também não elimina a hipótese de que possa haver motivação eleitoral por trás dos crimes.
"Se os dias passam e os fatos continuam a acontecer é sinal de que existe alguma articulação", diz ele.
O governador não tem comprovação nem faz ilação a respeito de ligações diretas entre partidos e facções criminosas. "Ninguém faz uma reunião para orientar isso ou aquilo". Segundo ele, se houver organização nas ações o mais provável é que os líderes do PCC estejam se aproveitando do momento eleitoral para criar constrangimento ao governo.
"Eles sabem que a oposição vai criticar, vai explorar e vai dizer, como já está dizendo, que há perda de controle na segurança pública e não há perda de controle coisa nenhuma. É a hora e a maneira que eles escolhem para se vingar do governo, por isso é que seria melhor se os partidos não mordessem a isca e não entrassem nesse jogo".
Goldman tem tido reuniões diárias para acompanhar os resultados das investigações e discutir com a área de segurança como prevenir novos atentados ou mesmo o aumento do clima de tensão.
"Estamos de prontidão". A preocupação mais imediata agora é com o Dia dos Pais, no próximo domingo. Em 2006, as rebeliões em presídios e atentados ocorridos também na antevéspera das eleições começaram logo após o Dia das Mães.
Nessas ocasiões, os presos de melhor comportamento saem para visitas e pode haver por parte dos líderes que continuam presos uma distribuição de "tarefas" na rua para os que recebem o benefício. Já aconteceu outras vezes e, de acordo com o governador, há preocupação de que no domingo possa acontecer de novo. É disso principalmente que se ocupará a área de segurança pública de São Paulo daqui até lá.
Eleições. Sobre a disputa eleitoral propriamente dita, o governador Alberto Goldman avisa logo que não tem uma visão muito acurada sobre o cenário nacional, pois está absolutamente concentrado em São Paulo, onde não tem gostado de ver o crescimento de Dilma Rousseff nas pesquisas.
Ele confessa surpresa com o desempenho, que atribui a dois fatores: aos eleitores de oposição (ao PSDB) e à generalizada sensação de bem-estar proporcionada pelo aumento da capacidade de consumo gerada pela ampliação do crédito. "Este fator, a meu ver, é o mais importante e o mais difícil de combater porque, se as pessoas se sentem bem comprando, não vão dar ouvidos a quem alerta para as consequências amanhã ou depois".
Goldman não está animado nem desanimado, estacionou no meio-termo, que é como ele vê a situação dos dois principais candidatos: "Equilibrados, aguardando que o eleitor desperte realmente para as eleições e deixe o quadro mais definido".
Mas a campanha está na rua há muito tempo, não?
"Só para quem já tem a cabeça feita. A partir de agora é que começa a disputa para valer pelos votos daqueles 20% que vão decidir".
Pesquisa. A vice-procuradora eleitoral, Sandra Cureau, mandou pedir ontem ao governador Alberto Goldman todos os discursos feitos por ele desde a posse, em abril.
Foram mais de cem pronunciamentos que serão enviados para Brasília. A procuradora quer examinar os textos para conferir quantas vezes Goldman infringiu a legislação fazendo campanha para José Serra.
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