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Tumulto de ambulantes acaba com cinco feridos e dois presos em SP

Por Agencia Estado
Atualização:

Cinco pessoas ficaram feridas, uma delas a bala, dois camelôs foram presos e várias lojas registraram depredação e saques nesta quinta-feira, no maior tumulto de rua feito pelos camelôs este ano em São Paulo. Das 9h30 às 16h30, a confusão parou o centro da capital. Os camelôs, comandados por um grupo que variava de 60 a 100 e até 200 pessoas, percorreram várias ruas do centro, da região da rua 25 de Março até a região das avenidas Ipiranga e Rio Branco, obrigando os lojistas a fecharem as portas. Lideranças dos camelôs disseram que fecharam cerca de 500 lojas. Contrabando A confusão foi uma reação dos camelôs contra uma blitz feita às 3h30 por uma força-tarefa composta por representantes de órgãos como a Prefeitura, Ministério Público, a Delegacia de Investigações sobre o Crime Organizado (Deic), Receita Federal e Secretaria de Estado da Fazenda. Na blitz, a força-tarefa, com mandado de busca e apreensão, apreendeu mais de 40 caminhões de mercadorias em dois prédios da região da rua 25 de Março. Segundo a força-tarefa, 98% das mercadorias são contrabandeadas, falsificadas ou de origem não comprovada. Tiro e surra Carregando um tecido estendido onde estavam desenhadas bandeiras do Brasil e aos gritos de "fecha, fecha", paus e pedras eram usados pelos camelôs para forçar os lojistas a abaixar as portas. Foi durante uma ação desse tipo, às 13 horas, que ocorreu o momento de maior tensão. Os camelôs tentavam fechar uma loja da Ladeira General Carneiro. Um tiro partiu de dentro para fora e atravessou o lado da porta que já estava abaixada, ferindo um rapaz. "Me ajuda, me ajuda, um tiro, me ajuda aí", gritava o rapaz, em desespero, com sangue na cintura. Várias pessoas, a maioria camelôs, estavam em frente à porta e na rua. Qualquer um podia ter sido atingido pela bala. Seguiram-se cenas de pânico. Um homem não-identificado, que segundo os camelôs faria parte da loja, tomou uma surra e ficou estendido no chão. Uma ambulante, Luciene Nogueira dos Santos, identificou a vítima do tiro como sendo o seu filho, Robenilson Nogueira dos Santos, de 16 anos. "Estou desesperada", disse. Revólver Outro instante de tensão ocorreu na avenida Senador Queirós, quando o segurança de uma loja (ele não se identificou) tentou enfrentar os camelôs empunhando um revólver. Depois, os camelôs correram atrás dele, jogando pedras, e só não bateram porque continuava armado. Na rua 7 de Abril, dois policiais foram acuados pelos camelôs diante de uma loja fechada. Jogaram pedras nos PMs, que não sacaram as armas. Na praça Ramos de Azevedo, um policial prendeu um ambulante, mas o soltou porque estava sozinho e ficou com medo dos camelôs. Durante a maior parte do tempo, a PM e a Guarda Civil Metropolitana se limitaram a acompanhar a movimentação, sem agir. A confusão só terminou quando, na rua Aurora, um grupo de PMs correu atrás dos manifestantes e prendeu um deles. Só então eles se dispersaram e a confusão acabou. Os comandos da GCM e o do 7º Batalhão da PM, por meio das assessorias, informaram que a coordenação da blitz - o ouvidor Benedito Mariano, os responsáveis pela Administração Regional da Sé e os promotores - orientou os PMs e os guardas-civis para que agissem somente se fossem solicitados pelos inspetores e fiscais. A decisão ocorreu para evitar confrontos entre os camelôs, a polícia e a guarda.

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