Turbulência no Atlântico pode esclarecer acidente do voo 447

Segundo 'Le Figaro', incidente com outro avião da Air France ocorreu no ultimo dia 29 e terminou sem feridos

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Por Mário Camera
Atualização:

Um incidente com um avião da Air France na semana passada pode ajudar investigadores franceses a esclarecer dúvidas sobre o acidente ocorrido em maio com o voo AF447 da mesma empresa, por ter praticamente reencenado a situação enfrentada pelo voo que caiu no mar e matou 228 pessoas.

 

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Segundo o jornal francês Le Figaro, no último dia 29 de novembro, o voo AF445 (que substituiu o AF447 após o acidente em maio) decolou do aeroporto do Galeão às 13h20, horário de Brasília. Quatro horas depois, o avião, um Airbus A330-200, o mesmo modelo do AF447, atravessou uma zona com fortes perturbações meteorológicas, que forçaram o comandante a adotar medidas especiais.

 

Ainda de acordo com o Figaro, o Airbus teria perdido 5 mil pés (pouco mais de 1,5 mil metros) de altitude quando sobrevoava uma área a apenas 18 quilômetros de distância do local onde o AF447 teria desaparecido.

 

Em um comunicado divulgado aos jornais franceses nesta quinta-feira, a Air France afirma que o comandante seguiu os procedimentos padrões, ao "realizar uma descida normal para evitar uma zona de turbulências severas e atingir um nível de voo menos turbulento."

 

No entanto, a medida foi adotada sem a permissão do controle aéreo de Dacar, no Senegal, que é o responsável pela navegação aérea na região, conhecida como "buraco negro" pela falta de cobertura de radares aéreos. Sem a permissão, o piloto foi obrigado a enviar uma mensagem de emergência pelo rádio, para avisar sobre a mudança de nível de voo. Não há relatos de feridos no incidente.

 

O organismo informou que não pode ignorar uma "tal coincidência" entre o incidente do AF445 e a queda do AF447. "Os dados podem nos fornecer novas informações", explicou o porta-voz do BEA.

Uma investigação sobre o incidente foi aberta pelo Escritório de Investigações e Análises para a Segurança da Aviação Civil ( BEA, na sigla em francês), que também é responsável por descobrir as causas do acidente ocorrido em maio.

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No próximo dia 12, o diretor do BEA, Alain Bouillard, chega ao Rio de Janeiro. Ele deve se encontrar com familiares das vítimas brasileiras do voo AF447. Cinco dias depois, em Paris, o organismo publicará o segundo relatório sobre as investigações do acidente.

 

Texto atualizado em 11 de dezembro, às 14h23, para correção.

 

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