O turista italiano acusado de abusar sexualmente da própria filha de oito anos, na piscina da barraca de praia Croco Beach, em Fortaleza, segue internado com crise de pressão alta. Até o início desta noite, a juíza Maria Ilna de Castro, da 12ª Vara Criminal do Ceará , ainda não havia analisado o pedido de anulação do flagrante feito pelo advogado do estrangeiro Flávio Jacinto.
A delegada que preside o inquérito, Ivana Timbó, da Delegacia de Combate à Exploração da Criança e do Adolescente (Dececa), ouviu nesta terça-feira, 8, em depoimento quatro testemunhas: dois monitores da piscina, uma garçonete e o gerente da barraca de praia onde o caso ocorreu. Para preservar a criança, ela prefere não dar maiores detalhes sobre o que disseram as testemunhas. Limitou-se a informar que trabalha para chegar a verdade dos fatos.
Até agora, segundo a delegada, foram ouvidas 12 pessoas. Para encerrar as investigações, ela precisa colher o depoimento de mais um funcionário da barraca. "Falta esclarecer um pontinho só", comentou a delegada, fazendo mistério. O relatório final só será concluído sexta-feira e não na quinta como ela havia informado antes. "Precisei de mais tempo por causa do feriado", justificou Ivana.
Família normal
Pai pedófilo ou carinhoso? Um simples "selinho" entre pai e filha ou carícias íntimas? A delegada não deu nenhuma pista para a solução do enigma que virou essa história que foi parar na delegacia após denúncia feita por um casal de turistas brasileiros que estava na barraca, terça-feira da semana passada.
"Justiça seja feita. A família (do italiano) se apresenta como uma família normal", este foi único comentário feito pela delegada sobre o caso. De acordo com a delegada, a mãe da criança, uma brasileira de 38 anos, mostrou-se uma pessoa "equilibrada, "discreta" e "educada" ao relatar a vida levada por ela, a criança e o marido, que é um empresário do setor de construção na Itália.
As imagens registradas pelo circuito interno da barraca foram entregues à delegada hoje. Mas ela disse que ainda não teve tempo para analisar o material. "Nós estamos tendo o maior cuidado para forma uma opinião errada perante a sociedade. O fato de ser um estrangeiro, para nós, não tem a menor importância. Não somos xenófobos. Ao contrário. Estamos analisando o fato em si, buscando a verdade para não cometer injustiças", disse Ivana.
O italiano e a família passavam férias em Fortaleza. Ivana Timbó informou que a mãe e criança não estão impedidas de viajar. "Mas creio que elas só queiram ir embora depois de resolver essa questão", comentou a delegada.
O casal que fez a denúncia não chegou a ser ouvido por ela. Ivana disse que está satisfeita com o depoimento colhido pelo delegado Barbosa Filho, que registrou o flagrante. Em entrevistas às emissoras de TV locais, a mulher e o homem reafirmam categoricamente que não se tratava de uma troca de carinho entre pai e filha. A mãe da criança, por sua vez, também reafirma que tudo não passou de um "lamentável engano".