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Turista mordido por "peixe grande" é sepultado

Por Agencia Estado
Atualização:

O auxiliar administrativo André Luiz Lopes, de 20 anos, foi enterrado nesta terça-feira, no cemitério dos Amarais, em Campinas (SP), depois de morrer afogado no último domingo, na praia de Maresias, município de São Sebastião, no litoral norte do estado de São Paulo. Segundo laudo do IML de São Sebastião, assinado pelo médico legista Marcelo Kupkis Saad, o turista morreu por ?asfixia mecânica por submersão no mar (afogamento) e traumatismo da face por mordedura animal (peixe grande)?. Rosto desfigurado O delegado José Luiz Tibiriçá, responsável pelas investigações, informou que o laudo aponta que a vítima mordida teve parte do rosto desfigurado antes de se afogar. O jovem estava passando o fim de semana com os amigos Rafael Mendes da Silva e Frederico Conceição Bispo, na praia de Maresias. A vítima foi vista pela última vez por volta das 8h30 do último domingo e depois sumiu. O corpo de Lopes foi encontrado boiando no mar, por alguns banhistas, que o arrastaram até a areia. Ao perceber a movimentação na praia, os amigos foram ver o que estava acontecendo e reconheceram Lopes pela bermuda que ele usava. Nenhum animal foi visto Em depoimento à polícia civil, eles disseram que ?perceberam que ele havia sumido, mas acharam que ele estava andando pela praia?, afirmou o delegado. Segundo Tibiriçá, as testemunhas disseram que não viram nenhum animal próximo da vitima. ?Eles contaram apenas que o jovem estava sentado no mar quando foi visto pela última vez.? O turista não sabia nadar, de acordo com sua mãe, Terezinha de Jesus Lopes. Muito abalada, ela disse que o rosto do filho ficou totalmente desfigurado. ?É duro falar, mas não deu nem para reconhecer. Só sobraram a orelha e o olho esquerdo.? Peixe grande Ela afirmou que o médico disse à família que os ferimentos caracterizavam o ataque de algum peixe grande. ?O médico disse que não saberia dizer qual peixe, mas que a mordida era de um animal muito grande.? A mãe da vítima acredita que a presença de um tubarão na praia de Maresias deverá ser abafada para não atrapalhar o turismo da cidade. ?Infelizmente, foi o meu filho, e agora não tem mais jeito. Mas eu entendo que os médicos não possam afirmar ser um tubarão porque a cidade depende do turismo.? Pesca predatória O delegado Tibiriçá afirmou que, antes da conclusão do inquérito, em 30 dias, as fotos tiradas pelo IML serão encaminhadas para algum especialista para o reconhecimento da mordedura do animal. ?Além do laudo da perícia técnica vamos também recorrer a um biólogo ou oceanógrafo para que o peixe que causou o ferimento seja detectado.? A Fundação Mar, organização não-governamental que há 10 anos estuda as espécies marítimas em São Sebastião se colocou à disposição das investigações policiais. De acordo com voluntários da fundação, existe a possibilidade do aparecimento de tubarões por causa da pesca predatória, quando o animal muda seus hábitos, em busca de alimento. Nunca se ouviu falar em tubarão ali A oceanógrafa Shirley Pacheco deve ajudar nas investigações. No Grupamento Salva-Mar do Corpo de Bombeiros, que atende o litoral norte, a ordem para os 98 policiais é monitorar não só a praia de Maresias, como todas as praias, em busca de algum animal de grande porte. ?Nunca soubemos da existência de tubarões por aqui, mas, a partir de agora, vamos estar atentos para detectar se há ou não esta espécie nas praias do litoral norte?, argumentou o comandante do Grupamento Salva-Mar, Igor Klein. O comandante afirmou que ainda não é possível saber se o turista morreu afogado e depois foi atacado por algum peixe. ?Espécies como o peixe-porco, baiacu e caranguejo é que costumam atacar cadáveres.? Apesar de negar a existência de tubarões nas praias de São Sebastião, o comandante disse que, se ficar comprovada a presença desta espécie, o policiamento será ainda mais rigoroso. ?Aguardamos o laudo da perícia técnica para tomar outras medidas de segurança.? Perícia técnica Na praia de Maresias, onde o turista foi encontrado morto, os moradores duvidam da existência de tubarões. O presidente da Somar (Sociedade Amigos de Maresias), Vanderlei Nogueira, afirmou que mora no bairro há 17 anos e que nunca viu tubarão por ali. ?Tenho minhas filhas que brincam na praia, e, se tivesse tubarão, eu seria o primeiro a tomar providências.? O morador acredita que o jovem turista tenha se afogado e depois levado pela corrente marítima, sendo possivelmente mordido por algum peixe como baiacu ou peixe-porco. ?Ele ficou mais de oito horas no mar, teve o corpo batido contra as pedras, o que causou muitos ferimentos.? Nogueira informou que verificou com pescadores mais velhos, com surfistas, com bombeiros e policiais e constatou que na praia nunca apareceram espécies como esta. ?Todo mundo desconhece. Até os caiçaras disseram que nunca apareceu tubarão por aqui.? ?Sem precedentes? Ele informou que a Somar não vai tomar nenhuma atitude, como a colocação de placas de alerta ou qualquer aviso. ?Não há necessidade de alguma atitude neste sentido, já que não existe comprovação de que é um tubarão.? Para o prefeito de São Sebastião, Paulo Julião (PSDB) a cidade não tem precedentes sobre a existência de tubarões. ?Precisamos da comprovação de que a espécie tenha aparecido. Ninguém sabe ao certo o que houve, por isso não vamos tomar nenhuma atitude drástica.?

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