Última a desfilar, Portela arranca gritos de "É campeã!"

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Por Agencia Estado
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Faltavam dez minutos para as 5h da manhã desta segunda-feira e o dia clareava quando a Portela, última atração da primeira noite do desfile das escolas de samba do Grupo Especial do Rio de Janeiro, começou a desfilar, com o enredo "Lendas e Mistérios da Amazônia", que havia lhe dado um campeonato em 1970. Abrindo o espetáculo, logo depois da comissão de frente e bem em frente à águia, símbolo da agremiação, vinham Paulinho da Viola, Marisa Monte, Zeca Pagodinho e a Velha Guarda da escola azul e branco de Madureira. Eles levantaram o público já na arquibancada popular, onde um coro uníssono e forte gritava o nome de Zeca. Quando passaram pelos camarotes da alta sociedade, a cena se repetiu. Com esse início, só podia mesmo dar certo. A escola veio compacta, animada, com um samba bonito e empolgante: prendeu a platéia, que vinha de uma maratona de oito horas de samba. Foi assim, até o último compomente desaparecer na apoteose. A Portela apostou em suas tradições e acertou. Em vez de uma modelo famosa, chamou para madrinha da bateria Dodô, sua ex-porta bandeira, de 83 anos, que lhe deu 18 campeonatos, a partir de 1935. Na concentração, ela foi o grande sucesso, mais entrevistada até que Zeca Pagodinho, e garantia que novamente fazer sua escola campeã. "Sou pé quente", prometia ela. Paulinho da Viola, Marisa Monte e Walter Alfaiate chegaram em cima da hora do desfile. De todos, só Paulinho participara o desfile de 1970. "É difícil dizer qual é mais emocionante", contou ele. "Hoje eu saí aqui, na frente, com os baluartes da Portela. Naquela época, a gente saía lá no meio, empurrando carro e se divertindo." O público, esquentado pelas estrelas portelenses, rendeu-se à criatividade do carnavalesdo Jorge Freitas, importado da Gaviões da Fiel. Sua águia era dourada, seguida pela Yara que chorava de verdade. O carro dos botos tinha só mulheres grávidas e havia uma ala inteira de bailarinas, com coreografia. As cores predominantes eram as da escola, mas Freitas soube juntar um arco-íris inteiro, que funcionou perfeitamente com a luz do dia. "Com esse desfile, nós vamos quebrar o jejum de vitórias", garantiu o compositor Monarco, hoje um patriarca da Portela. O público, que não arredou o pé até as 7h, quando o show acabou, pareceu concordar. E a escola de Madureira, uma das mais antigas do País, completando 81 anos de fundação (com o nome de Vai como Pode), terminou o desfile de ouvindo a platéia gritar "É campeã!" Leia abaixo a cobertura dos desfiles no Rio de Janeiro 1º DIA   Mangueira contra a trajetória do ouro de Minas até o Rio    Grande Rio entra na avenida com carros alegóricos censurados    História e tecnologia marcam o desfile da Salgueiro    Unidos da Tijuca festeja a criatividade dos cientistas    Caprichosos homenageia Xuxa, mas não empolga    São Clemente abre desfile com críticas políticas e sociais 

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