Última escola aberta perto da Rocinha, obrigada a fechar

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Por Agencia Estado
Atualização:

include "$DOCUMENT_ROOT/internacional/rio/ticker.inc"; ?>Um dos poucos colégios das proximidades da Rocinha que se mantinham abertos a despeito da guerra entre traficantes, a escola particular Carolina Patrício foi fechada hoje por causa de uma ordem clara dada pelos comparsas de Luciano Barbosa da Silva, o Lulu. Um deles telefonou para a diretora depois da morte do bandido e deu o seguinte recado: ?O homem morreu. Nós estamos de luto por dois dias. É para fechar.? Noemi Patrício Simões, diretora e fundadora da instituição, que funciona há 23 anos numa casa a seis quadras de um dos acessos à favela, recebeu a ligação às 19h30 de quarta-feira. Às 6h30 de ontem, ela foi para a porta da escola receber os pais e mandá-los de volta para casa. Noemi entregou a eles uma carta explicando que a determinação dos bandidos ?não pode e não deve ser questionada, ainda que suscite total indignação.? Amanhã também não haverá aulas. Por volta das 7h40, Noemi recebeu novo telefonema. ?Vocês estão trabalhando??, perguntou um traficante. Ela respondeu que tinha obedecido e que as famílias estavam sendo avisadas. Noemi está chocada com a intimidação dos criminosos. ?Como ser humano, estou chocada; como educadora, me sinto impotente por não poder fazer nada.? Ela contou que, no ano passado, também suspendeu o funcionamento em obediência ao tráfico, durante a onda de violência que paralisou boa parte da cidade por alguns dias. ?Eles disseram somente ?é para fechar? e eu entendi. Não chegam a ser exatamente ameaças, são ordens, determinações. Atendemos porque não há alternativa.? Noemi contou que a escola mantém um bom relacionamento com a Rocinha, onde moram alguns funcionários e estudantes bolsistas. O colégio tem 510 alunos. A mensalidade custa R$ 785 do maternal à 4ª série e R$ 690 da 5ª à 8ª série. A boa qualidade do ensino atrai as classes média alta e rica. Sasha, filha da apresentadora Xuxa, estudou lá por dois anos. Em busca de ensino bilíngüe, a garota saiu da Carolina Patrício para outra instituição próxima à Rocinha: a Escola Americana, que está fechada desde o início da confronto entre as quadrilhas rivais.

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