Última manutenção em equipamentos no Pão de Açúcar aconteceu em 2009

Alpinista de 32 anos morreu ao cabo de aço ceder; polícia Civil vai apurar se alpinista usava material de segurança e se houve falha humana, de equipamentos ou na própria trilha

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Por Redação
Atualização:

Uma vistoria nos equipamentos utilizados na trilha de alpinismo do morro do Pão de Açúcar, na zona sul do Rio, indicou que o cabo de aço utilizado por Bruno da Silva Mendes, de 32 anos, se rompeu quando ele escalava o local, na tarde do último domingo, 2. Segundo a Federação de Montanhismo do Estado do Rio de Janeiro (Femerj), a última manutenção havia sido em 2009. Mendes morreu após despencar de uma altura de 70 metros e Andréia Pereira, de 40 anos, que o acompanhava, ficou ferida mas passa bem. Nesta segunda, 3, o trecho do acidente conhecido como Via Cepi foi interditado pela Polícia Civil.

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Mendes foi sepultado no final da tarde desta segunda em Niterói, na região metropolitana do Rio. Ele era casado, mas não tinha filhos. A família está em choque com o acidente. De acordo com amigos, o alpinista era experiente e fazia a trilha do Pão de Açúcar com frequência.

As causas do acidente estão sendo investigadas pela Polícia Civil que vai ouvir testemunhas ao longo da semana. De acordo com a delegada Andréa Nunes, instrutores de rapel e peritos farão uma inspeção na trilha e nos equipamentos utilizados por Mendes. Os agentes investigam se ele utilizava material de segurança e se houve falha humana, de equipamentos ou na própria trilha.

O presidente da Femerj, Dilson Queiroz, esteve no trecho em que ocorreu o acidente ainda na noite de domingo. A trilha Via Cepi tem cerca de 200 metros de altura e é considerada fácil pelos alpinistas. Ela é demarcada por um cabo de aço preso à rocha que serve de guia. Foi este cabo que se rompeu no momento do acidente.

"Mesmo com o rompimento do cabo, ainda não entendemos como e o quê ocasionou esta queda. Sabemos que Bruno seguia na frente da corda como guia da escalada e estava preso por uma corda a Andréia", disse Queiroz. No percurso da trilha há, desde 2009, cartazes orientando os alpinistas a evitar a trilha em função do estado "precário" dos cabos em alguns trechos. Segundo Queiroz, a manutenção dos equipamentos é feita pelos próprios usuários - a última, realizada há três anos, estava no prazo previsto pela instituição.

De acordo com os oficiais do Grupamento de Operações Aéreas (GOA) do Corpo de Bombeiros, Mendes e Andréia estavam a 20 metros do topo do morro quando o cabo se rompeu, por volta das 15h30 de domingo. O alpinista caiu por mais de 70 metros, bateu diversas vezes contra o morro e ficou pendurado por um cabo a Andréia. O resgate aéreo levou uma hora para chegar até as vítimas, em função do difícil acesso ao local.

Primeira a ser resgatada, Andréia teve escoriações leves. Ela foi encaminhada para um hospital municipal na Gávea, na zona sul, e liberada ainda na noite de domingo. Mendes foi resgatado inconsciente pelos bombeiros e levado ao hospital, mas não resistiu.

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