Um dia quase de paz na Rocinha

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Por Agencia Estado
Atualização:

include "$DOCUMENT_ROOT/internacional/rio/ticker.inc"; ?>Depois do luto forçado, o comércio da Rocinha reabriu hoje e os moradores tentaram mais uma vez restabelecer o cotidiano. Apesar dos policiais armados nas principais vias e becos, as pessoas voltaram a circular pela comunidade. Na expectativa da prisão do traficante Eduíno Eustáquio de Araújo Filho, o Dudu, elas contam com a presença da polícia para evitar uma invasão da quadrilha dele. Rival de Luciano Barbosa da Silva, o Lulu, chefe do tráfico da Rocinha morto anteontem, Dudu é muito temido pelos moradores. O subsecretário estadual de Direitos Humanos, Paulo Baía, voltou à Rocinha de manhã acompanhado da ouvidora Maria do Carmo Alves Garcia, que mantém plantão permanente para ouvir queixas dos moradores em relação à polícia. Ele afirmou que ouviu centenas de pessoas. ?Eles temem uma invasão e pedem que a polícia permaneça. Também pedem mais políticas públicas na comunidade?, disse Baía, referindo-se à idéia do governo do Estado de ter uma sede na Rocinha. Baía disse que apenas a denúncia de arrombamento e furto da casa da moradora Renata Queiroz Freire é concreta. Ela prestou depoimento ontem na secretaria. No entanto, o inspetor-geral da Secretaria de Segurança Pública, coronel João Carlos Ferreira, tem dúvidas sobre o caso. ?Não podemos ser ingênuos. Muitas vezes, os traficantes mandam acusar a polícia. Temos que ter isenção total para chegar à verdade. Falso testemunho também deve ser responsabilizado?. Apesar de aparentar redução, os oficiais da PM de plantão informaram que o efetivo de 1.200 homens está mantido por tempo indeterminado. ?A polícia não segura aqui por muito tempo?, desconfiou uma senhora que vive na Rocinha há 50 anos. O relato dela revela o dilema da comunidade. ?Lulu era traficante, mas estuprador não se criava e ninguém roubava aqui. Esse Dudu não respeita ninguém. Está todo mundo apavorado?, contou. O advogado trabalhista Marcelo Varon disse que não recebeu ameaças, mas também não abriu seu escritório ontem na entrada da favela. Ele acredita que se Lulu tivesse sido preso, talvez a tensão dos moradores fosse menor. ?A morte tem o fator irreversível. Infelizmente, a população tinha apreço pelo Lulu. A favela tinha leis internas e com Dudu os moradores dizem que não havia isso?. Um comerciante na principal via de acesso à Rocinha caiu no choro ao falar das dificuldades. Ele conta que desde janeiro o clima de insegurança tem feito cair as vendas e que os lojistas só abriram as portas ontem depois da permissão dos traficantes. A suspensão do luto foi interpretada como uma tentativa dos bandidos ligados a Lulu de retomar a normalidade para reorganizar o poder na Rocinha. Adriano da Costa Brito, o Zarur, apontado como o novo chefe, teria se reunido com os principais gerentes para comunicar que assumiu as bocas-de-fumo. No final da tarde, um menor foi preso na favela com trouxinhas de maconha.

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