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Um dos líderes do motim de março é detido em Manaus

Por Liege Albuquerque
Atualização:

O presidente da Associação Amazonense de Controladores de Tráfego Aéreo, tenente Wilson de Alencar Aragão Filho, foi detido ontem à noite por quatro dias na sede do Cindacta-4 em Manaus, por "burlar regras da Aeronáutica". Alencar, que foi um dos líderes do motim dos controladores de vôo em 30 de março, disse ao Estado, em conversa pelo celular, que não queria fazer nenhuma crítica à sua detenção e a Aeronáutica o proibira de dar entrevistas. Ele afirmou que iria apenas contar o motivo alegado para a punição: há cerca de duas semanas faltou por dois dias consecutivos, para acompanhar sua mulher em tratamento de saúde. "Não aceitaram a justificativa e resolveram me punir com quatro dias de detenção. Devo sair na segunda-feira", contou. Um colega do tenente, porém, disse que sua detenção foi uma "tentativa de intimidar a categoria por um motivo que para outro militar seria apenas motivo banal de advertência". Alencar está detido em um alojamento no Cindacta-4. Cumpre seus horários normalmente e vai para o alojamento, em vez de voltar para casa. Segundo a Comunicação Social da Aeronáutica, as punições para quem burla regras das Forças Armadas podem ir de advertência por escrito até a detenção. A assessoria explicou que a decisão de punir Alencar com detenção foi tomada porque há precedentes no seu caso. Um dos precedentes seria o fato de ter liderado o motim do fim de março, que durou quase cinco horas, parou mais de 40 aeroportos no País e causou o cancelamento de 229 vôos. Outro é que Alencar se denomina como presidente de um sindicato, o que não é permitido a integrantes das Forças Armadas. Em junho, a Aeronáutica afastou 14 sargentos, considerados responsáveis pelo motim que paralisou a aviação comercial em 30 de março. No mesmo mês, Carlos Trifilio, presidente da Federação Brasileira das Associações de Controladores de Tráfego Aéreo, e Wellington Rodrigues, presidente da Associação Brasileira dos Controladores de Tráfego Aéreo, tiveram prisão decretada por dar entrevistas sobre o trabalho da categoria sem autorização. Segundo a assessoria, os controladores detidos já foram soltos e, assim como Alencar, são alvo de investigação interna.

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