Um em cada dez acidentes em voo ocorre sobre o mar

Outras estatísticas mostram que na América Latina a taxa de desastres é 3 vezes maior que média mundial

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Por Eduardo Reina e Jamil Chade
Atualização:

Estatísticas aeronáuticas mostram que apenas 27,73% dos acidentes aéreos em todo o mundo ocorrem durante o voo, segundo o Bureau d?Archives des Accidents Aéronautiques, de Genebra, Suíça. Desses, 9,51% foram registrados quando os aviões estavam sobre o mar. O número de vítimas fatais em acidente aéreos no mundo despencou nos últimos anos. Mas a América Latina segue com uma taxa de acidentes três vezes maior que a média mundial, segundo a Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata). A América Latina terminou 2008 com o segundo pior índice de acidentes aéreos, 2,55 para cada milhão de voos. Só se sai melhor do que os países da ex-União Soviética (6,4). No mundo, o índice é de 0,81 acidentes a cada um milhão de voos. A América do Norte registrou 0,58, a Europa, 0,4, e a Ásia, 0,5. A África teve taxa de 2,12. Cinco acidentes fatais foram registrados em 2008 na América Latina. Para a Iata, a infraestrutura é ainda uma questão central. Segundo a associação, o processo de reforma é longo e o setor de segurança precisa passar por uma "transformação cultural". No mundo, houve mais desastres em 2008 do que no ano anterior: 109 ante os 100 de 2007. A diferença se repete em relação aos acidentes fatais - foram 23 no ano passado e 20 em 2007. O número de vítimas, porém, diminuiu. No total, 502 pessoas morreram em acidentes de avião em 2008, ante 692 em 2007. Em 2005, houve mais de mil vítimas. Em 2005, a Iata lançou um programa de auditoria de segurança. Entre seus associados, a taxa de acidentes foi de 0,52 para cada milhão de voos em 2008. A Air France passou pelo teste e tem licença até 2011. CASOS PARECIDOS Um caso de queda de avião similar ao de ontem ocorreu com um Tupolev-154, que caiu no dia 22 de agosto de 2006 na Ucrânia, matando 170 pessoas. O avião passou por uma tempestade, o piloto tentou fugir, subindo mil metros, mas não conseguiu. O avião ficou descontrolado e caiu, segundo a Flight Safety Foundation. O Tupolev voava a 35 mil pés de altura para São Petersburgo, na Rússia, quando se deparou com uma tempestade. O comandante decidiu mudar o curso e se defrontou com outra célula de tempestade e raios. Ao passar pela turbulência severa, o avião foi jogado mil pés para cima, ao passar por um "colchão de ar". Com a comunicação dificultada, o avião caiu. Outro caso emblemático de desaparecimento de avião envolveu a Varig, em 30 de janeiro de 1979. O Boeing 707 prefixo PP-VLU saiu do Aeroporto de Narita, no Japão, com destino ao Rio, com seis tripulantes e obras de arte, e sumiu no Oceano Pacífico meia hora depois, sem deixar vestígios. O piloto era Gilberto Araújo da Silva, o mesmo que seis anos antes virou herói do desastre de Orly, na França. Em território francês, ele efetuou pouso de emergência de barriga numa plantação. Das 134 pessoas a bordo, 122 morreram queimadas. Foram levantadas duas hipóteses: falha repentina grave seguida de explosão, o que teria deixado manchas de óleo e materiais no mar. Nada foi achado. Outra hipótese seria falha que impedisse a continuidade do voo. Nesse caso haveria tempo para comunicação. A torre de controle não registrou nada.

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