PUBLICIDADE

Um inquérito de 2000 pode dar pista sobre morte dos fiscais

Por Agencia Estado
Atualização:

Um inquérito aberto em 2000 pela Polícia Federal, pode indicar novas pistas sobre o assassinato de três auditores fiscais e um motorista do Ministério do Trabalho, na última quarta-feira. Nele, a PF indiciou nove agenciadores de mão-de-obra, os chamados ?gatos?, justamente por ameaçarem os fiscais. O grupo, segundo investigadores, chegaram a depredar um prédio da Delegacia do Trabalho na região de Unaí, e hoje figuram como suspeitos pelo crime. Hoje, a PF ouviu depoimento de dois lavradores que teriam escutado tiros e viram a fuga dos pistoleiros em um Fiat Strada branco. Investigadores que trabalham no caso evitam falar sobre prováveis suspeitos, mas trabalham com a hipótese de que os fiscais e o motorista Ailton Pereira de Oliveira tenham sido mortos por fazendeiros ou gatos. Eratósteles de Almeida Gonçalves, Nelson José da Silva e João Batista Lage eram considerados funcionários rígidos na região e todos que fizeram qualquer tipo de ameaça serão chamados a depor. Entre eles estão os nove gatos que, além de terem sido indiciados pela PF, foram denunciados pelo Ministério Público Federal. Além de cruzar documentos e inquéritos anteriores, a PF está trabalhando com novas pistas. Uma delas foi uma encomenda de um buquê de flores numa floricultura de Paracatú (MG), que tinha como destinatário o fiscal Nelson Silva, o mais ameaçado de todos eles. ?O pessoal da floricultura ligou para a nossa subdelegacia do Trabalho na cidade e avisou que havia um buquê de flores para o Nelson?, confirmou o delegado regional do Trabalho em Minas Gerais, Carlos Calazans. O fato aconteceu no final da tarde de segunda-feira, pouco mais de um dia antes dos assassinatos. A PF foi avisada logo após o crime e está rastreando o suposto comprador das flores. No domingo, sete pessoas foram ouvidas pela PF na sede da força-tarefa criada para esclarecer o crime, localizada no Fórum de Unaí, mas o teor das declarações estão sendo mantidas em sigilo para não prejudicar as investigações. Hoje, entre os cinco depoentes que estiveram no local, dois deles estiveram perto da cena do assassinato. Os dois lavradores ? pai e filho ? contaram para o agentes federais que chegaram a ouvir pelo menos três tiros disparados pelos matadores. Além disso, além do Fiat Strada, haveria um caminhão de pequeno porte. O depoimento teria, segundo os investigadores, esclarecido a cor exata do veículo usado pelos criminosos. Antes de morrer, o motorista Airton Oliveira contou ao aspirante da Polícia Militar Vilmar Ferreira, que o socorreu, que o veículo era cinza ou branco. Ferreira também prestou depoimento à PF. Hoje, o delegado federal Antônio Celso Santos, um dos três que atuam no caso, entregou um relatório preliminar sobre as investigações ao diretor-geral da PF, Paulo Lacerda, que irá repassá-lo ao ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos. A Polícia Civil de Minas enviou para Unaí, 16 agentes das delegacias de Homicídio e de Conflitos Agrários para auxiliar a PF nas investigações. Vereadores da cidade se reuniram ontem para formalizar um protesto contra a presença de jornalistas o que, segundo eles, estariam prejudicando a imagem do município.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.