Um nome para 100 anos de história nipo-brasileira

SPFW, que celebra o centenário da imigração japonesa, terá apenas uma estilista Nikkei

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Por Marcio Oyama
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Cem anos de história com apenas uma representante. A São Paulo Fashion Week Verão 2009, que começa amanhã, no prédio da Bienal, integrando o calendário oficial de comemorações do centenário da imigração japonesa no Brasil, traz entre seus estilistas com marca própria uma única nikkei: Erika Ikezili (era para ser ?Ikejiri?, não fosse o erro do cartório). Karen Fuke, outra descendente, também sobe à passarela, mas atrás da Triton - ela substitui o fundador, Tufi Duek, na direção criativa da marca há um ano. Nesta temporada nipônica, não criou nada relacionado ao Japão. "A grife sempre teve a música como foco principal de inspiração", adiantou. Aproveitando a exclusividade - e ciente da responsabilidade de representar 2 milhões de ?conterrâneos? no maior evento de moda da América Latina -, Erika fechará a homenagem ao berço japonês iniciada nos desfiles de janeiro, quando criou seu inverno 2008 pensando em Uto Bartira, a primeira nikkei nascida no País. "Agora, as roupas mostrarão o Brasil 100 anos depois da Uto, focando a miscigenação de muitas culturas. Somos os brasileiros, uma mistura só", diz a designer, que desfilará no dia 23, entre os templos e carpas do Pavilhão Japonês, no Ibirapuera. A artista plástica Tomie Ohtake também estará na coleção. "Ela aparecerá mais nas formas, inspiradas na sua obra. Tomie é simbólica porque reúne a riqueza da origem e o contraponto da modernidade." Contrapontos, aliás, não faltam na trajetória de Erika, uma nikkei nascida no reduto nipônico de Cornélio Procópio, no Paraná, mas criada longe do recato oriental. Desde pequena, a estilista mora no bairro do Limão, zona norte paulistana. "Sou uma japonesa que fala alto, mexe muito os braços. É porque cresci com as italianas e as portuguesas aqui da região." Sem outros nikkeis com quem dividir a passarela, Erika terá, ao menos nos bastidores, uma companhia memorável. Rogério Hideki, designer gráfico e ex-estilista da grife masculina V.Rom, assina, com Daniela Thomas, toda a cenografia e a comunicação visual da SPFW Japão. "Serão dois andares inteiros ilustrados com desenhos baseados nas padronagens dos quimonos", conta o artista, convidado pelo manda-chuva do evento, Paulo Borges, para a missão. "O Paulo enfatizou: gostaria de contar com um designer nikkei." Hideki - que deixou a V.Rom para abrir, com o sócio e também fundador da grife, Vitor Santos, o estúdio de design Árvore - diz ter imprimido no trabalho heranças notórias da sua história como nikkei. "Há três traços que marcam a trajetória dos japoneses no Brasil e traduzem bem o trabalho desenvolvido nessa edição da SPFW: paciência, minuciosidade e perfeccionismo."

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