''''Um oficial da PM me avisou: foge, senão morre''''

Testemunha da prisão do marido, ela conta que se mudou de Perus, onde morava, a conselho de tenente-coronel da PM

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Por Redação
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A estampadora Maricleide da Silva Felício, de 32 anos, está escondida. Ela se mudou de Perus, onde morava, depois da morte do marido e de um amigo. Disse que seguiu o conselho de um oficial da PM. "Ele me disse que não tinha condições de me proteger, pois ele não tinha condição de proteger nem ele mesmo." Maricleide conta que viu o marido ser preso horas antes de aparecer morto - segundo a PM, ele resistiu à prisão depois de praticar uma chacina. Maricleide foi ouvida no 74º Distrito Policial sobre o caso. O que aconteceu naquele dia? Nós saímos daqui. Nós demos uma carona para o Cleiton. A mulher dele tinha ganho um microondas da patroa dela, e nós íamos até a (Avenida General) Edgar Facó para levar esse microondas para consertar. Passei na escola e peguei minha filha de 6 anos. E fomos eu, meu marido e o Cleiton levar esse microondas. Como foi a abordagem? Meu marido disse: "Vidinha, desce lá e vai ver se a loja cobre a garantia do microondas do Cleiton. Eu desci. Eu e a minha filha, foi na hora da abordagem. Eram umas 15h30. Eram duas Blazer, da Força Tática. Colocaram eles no camburão, e um policial foi dirigindo meu carro. Eu gritei do outro lado da rua, mas eles não me viram. Eu saí procurando. Fui nos DPs, e me falaram que tinha de ir no batalhão. Já era noite, quando uma irmã do Cleiton me disse que ele e meu marido tinham sido mortos pela PM. Como surgiram as fotos? Quando eu cheguei ao hospital, a médica me entregou o celular do Charles. Foi aí que vi as fotos. Aqui (exibe as fotos) é o bico da viatura, da Força Tática. Eles (os PMs) falaram que mataram trocando tiro. Agora, meu marido é uma pessoa que tirou 13 anos de cadeia. Louco ele não era. Se ele fosse matar, não iria com carro no nome dele, placa no nome dele, num carro 1000, de passeio, que nem era potente para isso, sendo que ele tinha uma moto em casa. Era só pegar a moto, levantar a placa. Queria ver a polícia pegar. Meu marido tomou quatro tiros de cima para baixo. Como atirar correndo e levar tiro de cima para baixo? O Corsa do seu marido foi devolvido pelos policiais no 74.º DP. O que ocorreu quando a senhora foi apanhar o carro? O tenente-coronel que me entregou a chave do carro falou pra mim: "Fuja, porque eu não posso te dar segurança nem pra senhora nem pra mim. Vou investigar esse caso e também estou correndo risco de vida". Eu falei: "E se eles me matarem, se forjarem droga em mim ou matarem minha família inteira?". Aí ele falou: "A senhora tem de fugir." Por isso eu saí de Perus. Se a polícia não pode me proteger, eu vou fazer o quê? Fugir. Eles são um esquadrão de extermínio. Eles não querem saber quem eles vão matar. Meu marido era bandido, ex-presidiário, não valia nada. Agora eles mataram o coronel e vão matar delegado e vão matar um monte de gente.

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