Uma cozinha para atender a bicharada

Todos os dias, 4 toneladas de comida alimentam os 3,5 mil animais que vivem no Zoo e no Zoo Safári

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Por Redação
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Para alimentar os 3.500 animais de 400 espécies que vivem no Zoo e no Zoo Safári, o Setor de Alimentação Animal da Fundação Parque Zoológico produz, diariamente, quatro toneladas de comida. É um trabalho que começa cedo, por volta das 6 horas. Um esquadrão de 22 "cozinheiros" - chamados oficialmente de preparadores de alimentos - se divide entre as sete bancadas de um galpão no Parque Zoológico. Em cada uma delas, são preparados os alimentos de um tipo de animal: aves, primatas, carnívoros, herbívoros, répteis, além de um setor especial para animais em dieta ou tratamento veterinário e outro exclusivo para os bichos do Zoo Safári. "Esse departamento não para nunca, nem em fim de semana ou feriado", lembra o zootecnista Henrique Tavares, o "nutricionista de bichos" que coordena essa gigantesca cozinha. "Afinal, os animais comem todos os dias." Mesmo que na natureza bicho nenhum tenha o hábito de cozinhar sua comida, há até um fogão industrial no galpão. "Temos animais, como alguns primatas, que recebem alimento cozido, para facilitar a digestão", conta o zootecnista. "Não à toa, a expectativa de vida deles no Zoo é maior que na natureza." Para suprir o setor, a Fundação lança mão de várias fontes. Boa parte dos alimentos vem de uma fazenda de 574 hectares que a entidade tem em Araçoiaba da Serra, na região de Sorocaba. Lá são cultivados 20 tipos de hortaliças, capim, cana-de-açúcar, milho e frutas como banana e laranja. Carnes de boi, carneiro, porco e frango - além de peixes de cinco espécies - são compradas. Vizinho à cozinha, há o Biotério, onde se criam pequenos bichos para virar comida. São porquinhos-da-índia, camundongos, esquilos-da-mongólia, pintinhos, codornas, grilos, baratas etc. "Nós os abatemos em uma câmara de gás com CO2, dentro dos princípios bioéticos", afirma Henrique. "Tentamos amenizar ao máximo o sofrimento dos bichos." Dentro da câmara, eles levam de três a cinco minutos para morrer. O Zoo só dá alimentos vivos a alguns tipos de cobra, que se negam a pegar os já abatidos. Na outra ponta dessa estrutura estão os tratadores. Atualmente são 30. Todos os dias eles retiram as porções de comida, separadas e quantificadas, do Setor de Alimentação, e levam até os animais. Cada um se responsabiliza por determinados recintos e acabam até fazendo uma certa amizade com a bicharada. É o caso de Antonio Ribeiro, de 54 anos, metade deles a serviço das aves do Zoo. "Criei meus três filhos com isso aqui. E agora ajudo a criar minha neta", conta. Nascido em Águas da Prata, município paulista próximo da divisa com Minas Gerais, ele cresceu na zona rural e sempre gostou de animais. "Quando era criança, tinha um canário-da-terra", lembra. Acostumadas, as aves do Zoo o reconhecem. "Pela maneira de me aproximar, elas já sabem que sou eu", garante. "Tem uma arara que vem na minha mão." Não era a única. Havia também um tucano mansinho, que fazia a alegria de Antonio. Mas ele morreu no ano passado. "Senti muito, porque eu tinha cuidado dele a vida toda." São sentimentos individuais que passam despercebidos por 1,5 milhão de pessoas que visitam o Zoo e o Zoo Safári todos os anos.

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