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Uma exposição quase arrasa o Museu da República

Por Agencia Estado
Atualização:

A administração do Museu da República vai denunciar ao Ministério Público Federal danos ao prédio histórico, erguido em 1867, cometidos durante a instalação da exposição Eu, Getúlio, em 1999. Ao desmontar a exposição, os técnicos do museu descobriram que a pintura do teto de um dos salões foi coberta por tinta verde, paredes foram indevidamente furadas, o piso de pinho de riga teve parte arrancada, além de um lustre e oito portas que sumiram. O palácio foi erguido em 1867 e sediou a presidência da República entre 1897 e 1960, quando foi transformado em museu. A exposição ocupava cinco salões e foi desmontada para dar lugar a outra maior, que vai marcar o cinqüentenário da morte de Getúlio Vargas, ocorrida em 24 de agosto de 1954, num dos quartos do palácio. ?Encontramos uma situação feia, paredes danificadas, numa ação no mínimo pouco cuidadosa?, diz o diretor do museu, Ricardo Vieiralves de Castro, que assumiu em maio de 2003. Ele mostra, por exemplo, que os organizadores abriram um buraco de 30 centímetros nas paredes para a passagem da tubulação de ar-condicionado. ?Os afrescos que estavam ali se perderam completamente?, conta. A saída de água do aparelho foi responsável ainda pela retirada de parte do piso de pinho de riga. Numa das salas, o teto decorado com desenhos do século 19 foi todo pintado de verde, para compor uma decoração que lembra a bandeira do Brasil, com paredes amarelas e tapete azul. Também perfuraram as paredes para instalação de trilhos que seguravam painéis. ?Há salões que parecem a Bósnia?, compara Castro, ressaltando que documentos e peças estão bem preservados. O diretor pediu a avaliação de técnicos do Instituto do Patrimônio Histórico Artístico Cultural, que estão preparando um relatório sobre os estragos. ?Uma cópia desse material vai para o Ministério Público?, avisa o diretor. O relatório também servirá de base para a restauração, que só começará no ano que vem. Castro calcula que serão necessários R$ 1 milhão. Esse ano, a verba para restauração, ainda não liberada, é de R$ 300 mil. O Estado tentou ouvir a ex-diretora Anelise Pacheco, que esteve à frente do museu durante 10 anos. Ela estava em viagem a Brasília e seu celular permaneceu fora de área de cobertura ou desligado durante todo o dia. Ela não retornou o recado deixado na secretária eletrônica pela reportagem.

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