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Uma solução para a Vila Itororó

Prefeitura vai pagar bolsa-aluguel para famílias desapropriadas do local, marco arquitetônico da cidade

Por Rodrigo Brancatelli e Vitor Hugo Brandalise
Atualização:

Quase cinco anos após um decreto autorizar a desapropriação das famílias instaladas na histórica e degradada Vila Itororó, um dos principais marcos arquitetônicos do centro de São Paulo, sem falar em uma dúzia de ideias de revitalização que nunca viram a luz do dia, a cidade pode finalmente voltar a fazer planos para a região. No começo da semana, depois de uma reunião de membros da Secretaria Municipal de Habitação, ficou decidido que a Prefeitura pagará um ano de bolsa-aluguel, de R$ 300, para as 173 pessoas que há décadas se instalaram no local. Além disso, o Estado firmou contrato para a reforma de um prédio na Rua Conde de São Joaquim, a três quadras da vila, que deverá abrigar essas famílias por meio de um financiamento da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU). Construída pelo tecelão português Francisco de Castro entre 1922 e 1929, a Vila Itororó entrou em processo de degradação depois que foi leiloada na década de 50 para cobrir dívidas. Hoje proprietária do terreno, a Instituição Beneficente Augusto de Oliveira Camargo, de Indaiatuba, recebeu em juízo cerca de R$ 8 milhões da Secretaria de Estado da Cultura pela desapropriação - R$ 4,6 milhões no ano passado e outros R$ 3,4 milhões um mês atrás. A instituição, porém, quer subir a cifra para R$ 12 milhões. "Não vamos abrir mão da nossa reivindicação, numa área valorizada da cidade, mas caminhamos para um entendimento", disse o diretor da instituição, Renato Sargo. No fim de julho, a Justiça determinou a posse da vila histórica para a Secretaria de Estado da Cultura, que agora deve repassá-la à Prefeitura, que ficará responsável por elaborar projeto de revitalização - o processo, já iniciado, deve ser finalizado em dois meses. A cargo da Secretaria Municipal da Cultura, o projeto incluirá a construção no ano que vem de um polo cultural com biblioteca, cinema e salas expositivas. A Secretaria Municipal da Cultura espera agora a saída das famílias para entrar nos imóveis, fazer estudos técnicos, orçar as reformas e produzir os primeiros croquis do projeto. A área que será reintegrada tem quase 5 mil metros quadrados, onde estão 37 casas e um palacete. Considerada a primeira vila urbana construída em São Paulo, a Itororó foi criada inteiramente por Francisco de Castro, que mandou até construir uma piscina - também a primeira particular da cidade -, abastecida por um riacho do Vale Itororó. Os moradores da Vila, alguns há 30 anos no local, entraram na Justiça no ano passado pleiteando usucapião e protestam por não ter participado das negociações. Para expor o problema, a Associação de Amigos e Moradores da Vila Itororó (Ama-Vila) solicitou ontem audiência pública na Câmara Municipal. "É impossível que os maiores interessados no futuro da Vila fiquem de fora de todas as decisões. Vamos nos organizar e lutar por nosso espaço", disse a presidente da associação, Antonia Souza Cândido. "Sugerimos a reurbanização e revitalização do espaço com inclusão dos moradores no projeto." Além do prédio que será transformado em conjunto habitacional com 59 apartamentos - cuja obra, já contratada, aguarda aprovação do Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico de São Paulo (Condephaat) -, outros dois conjuntos habitacionais, com mais 125 unidades, serão construídos pela CDHU na Rua Conde de São Joaquim. Os projetos, segundo a CDHU, estão em "fase final de elaboração" para entrar em processo licitatório. NÚMEROS 300 reais valor da bolsa-aluguel que será paga pela Prefeitura 173 pessoas moram na Vila Itororó 5 mil metros quadrados tem a área a ser reintegrada 37 casas e um palacete compõem a Vila Itororó 2 prédios da CDHU serão construídos para abrigar as famílias despejadas. Um edifício com 59 apartamentos na Rua Conde de São Joaquim também será destinado a essas famílias

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