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Univap acusa Prefeitura por atraso

Marta e Kassab não teriam feito pista elevada para uso do coletivo

Por Simone Menocchi e Diego Zanchetta
Atualização:

A Universidade do Vale do Paraíba (Univap), no interior paulista, acusa a gestão municipal atual e a anterior (do PT) pelo atraso no desenvolvimento da tecnologia dos ônibus inteligentes. Segundo o físico Antonio de Souza Teixeira, que afirma estar à frente do projeto pela instituição, a Prefeitura demorou para entregar a via elevada que permitiria a finalização do sistema de trilhos magnéticos no corredor. Sobre a entrega dos 15 ônibus inteligentes, a Univap informa que vai entregar quatro veículos. Os outros 11 previstos no contrato com a SPTrans para receberem tecnologia da universidade foram substituídos "pela instalação de sensores magnéticos em todas as estações". Segundo o físico, enquanto a Prefeitura, ainda na época da ex-prefeita Marta Suplicy (2001-2004), não fazia o que seria a parte dela (instalação de imã na pista do corredor), "a Univap foi desenvolvendo o sistema de inteligência de comandos, de abertura de portas e comandos de voz, entre outros". De acordo com Teixeira, no início da atual gestão a instituição enviou ofícios à SPTrans solicitando a continuidade dos trabalhos. "Tentamos falar com o pessoal da SPTrans por inúmeras vezes. Tenho dúzias de mensagens que solicitavam reuniões, mas eles nunca nos deram uma resposta. O (secretário) Alexandre de Moraes nunca quis saber desse projeto, nunca conversou conosco sobre isso", argumenta o físico. Teixeira admitiu que a instituição recebeu "cerca de R$ 19 milhões", mas disse que ainda faltam pelo menos R$ 2 milhões pelos serviços executados, referentes aos painéis eletrônicos das Estações Parque D. Pedro II e Sacomã. "A Prefeitura de São Paulo está devendo, não paga e não quer conversa", acusou. O docente ainda defendeu a substituição de 11 ônibus pela instalação de sensores em todas as estações. "A adoção desses painéis é o que permite que o Expresso Tiradentes seja o modelo de corredor com maior velocidade média da cidade", afirmou Teixeira. "Para que o projeto seja realmente finalizado, faltam a instalação dos ímãs na pista e também a homologação de um ônibus, que já está pronto. Com um veiculo homologado, aí se faz os outros três", justificou o físico. Esse primeiro carro, segundo Teixeira, foi entregue à SPTrans. O projeto de tornar automática a viagem de ônibus entre as Estações Parque D. Pedro II e a Cidade Tiradentes também contou com a participação de professores da USP, da Unicamp, e do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), segundo Teixeira. A conclusão dos 31 quilômetros do corredor está prevista para até o fim da gestão atual, em 2012. O sistema adotado atualmente no projeto perdeu praticamente todas as características de um VLP (veículo leve sobre pneus) e se tornou um corredor exclusivo de ônibus. Em mais de 12 anos, o projeto já consumiu cerca de R$ 1,2 bilhão dos cofres públicos. Quando estiver pronto, o corredor terá capacidade para receber cerca de 380 mil passageiros por dia. Ainda são necessárias desapropriações na região na Vila Prudente, na zona leste, para a conclusão da via elevada. Uma fissura no ano passado na via elevada perto da Avenida do Estado atrasou a execução do prolongamento. DENTRO DA LEI A Assessoria de Imprensa da ex-prefeita Marta Suplicy (PT) informou que a contratação da Fundação Valeparaibana ocorreu "rigorosamente dentro da lei". Segundo a assessoria, "houve o recebimento de tecnologia e a previsão era de o projeto continuar em andamento após 2004. Mas o contrato foi interrompido pela gestão Serra/Kassab". A gestão anterior afirma que "a tecnologia não seria apenas para 15 veículos, frota comprada e entregue à Prefeitura, que circulou inclusive no corredor da Avenida 9 de Julho, mas para todos os ônibus que numa primeira etapa estariam servindo a população desde o Parque D. Pedro II até o Sacomã e, posteriormente, para a segunda etapa, do Sacomã a Cidade Tiradentes". Em nota, a assessoria informa também que "a Fundação Valeparaibana, na frota de 15 ônibus, desenvolveu tecnologia de guiagem magnética. Os ônibus eram protótipos. A tecnologia seria implementada para todo o sistema e monitoramento do corredor". Os protótipos (o veículo, sem a tecnologia) que foram enviados para receber a tecnologia da Fundação Valeparaibana de Ensino eram de ônibus híbridos, combinando motores a diesel com eletricidade, segundo o PT. "A proposta, a partir de 2005, era usá-los (os ônibus) no novo sistema do Paulistão. Enquanto não acontecia, passageiros dos corredores das Avenidas 9 de Julho, Ibirapuera e Guarapiranga usavam os veículos, que eram prateados, equipados com ar-condicionado, contavam com câmeras de vídeo e monitoramento por satélite", informou a assessoria. "Os ônibus pertenciam a SPTrans. Tanto no teste, quanto no planejamento que se fazia para o futuro, seriam alugados às empresas", diz a assessoria da ex-prefeita.

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