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Vacinas contra aids vão ser testadas no Brasil

Por Agencia Estado
Atualização:

Os lotes das vacinas francesa Alvac vCP1452 e da americana MN rGP120 já foram retirados da alfândega e na semana que vem começarão os procedimentos para testar em 40 voluntários os efeitos destes dois medicamentos que podem prevenir contra a infecção pelo vírus HIV. O início dos testes com as duas vacinas foi anunciado nesta sexta-feira pelo chefe do Laboratório de Pesquisas de Aids do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, Mauro Schechter, no encontro de pesquisadores do Brasil, Caribe e Estados Unidos. O encontro, que acontece pela primeira vez fora dos Estados Unidos, termina neste sábado. O teste de vacinas será realizado através do Projeto Praça XI - grupo de estudos da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) sobre aids. O objetivo do estudo é conhecer os efeitos das drogas entre habitantes de países em desenvolvimento. O trabalho faz parte de estudo da HVTN, organização patrocinada pelo governo americano que pesquisa vacinas contra a aids em vários países. Só neste ano, o governo americano destinou US$ 45 milhões para o programa. Os pesquisadores querem saber se as vacinas provocam efeitos colaterais e têm reações adversas e avaliar a resposta imunobiológica do organismo. "A descoberta de uma vacina seria um complemento aos processos preventivos que já existem", observou o pesquisador Lawrence Correy, do Fred Hutchinson Cancer Research Center. O presidente da unidade de vacinas da Organização Mundial de Saúde (OMS), Jorge Esparza, disse que é preciso um esfoço global, de vários países, para se chegar a um medicamento eficaz. "É necessário provar diferentes vacinas ao mesmo tempo, já que não sabemos qual delas vai funcionar", comentou. Segundo Schechter, que também é coordenador do Projeto Praça Onze, a idéia é conseguir saber se esses produtos estimulam o aparecimento de células capazes de matar células infectadas pelo HIV, além de avaliar a produção de anticorpos. Ele explicou que esta é a Fase 2 da pesquisa. "Ainda não estamos testando a eficácia das vacinas", informou. Nesta etapa, os pesquisadores vão selecionar os 40 voluntários entre homens e mulheres com idades entre 18 e 60 anos e que tenham comportamento consideado como de "baixo risco para a aquisição do HIV". Cem pessoas estão inscritas. A Alvac vCP1452 - feita a partir de uma vacina usada para proteger canários contra o vírus canarypox, que não se multiplica em células humanas - já foi testada por 800 voluntários nos Estados Unidos, França e Uganda. A MN rGP120 (cópia sintética de uma proteína da superfície do HIV) foi injetada em mil pessoas nos Estados Unidos e Uganda. Segundo os médicos, a história genética e as diferenças nutricionais de cada população provocam respostas diferentes da vacina. As vacinas serão testadas não só no Brasil, mas também no Haiti e em Trinidad-Tobago. Os médicos garantem que os voluntários não podem ser infectados pelo vírus da aids com o uso da vacina, embora o resultado de testes anti-HIV possam dar positivo por certo tempo.

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