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Vagas em navio atraem 3 mil candidatos

Por Agencia Estado
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Conhecer o mundo inteiro sem gastar nem um tostão. Melhor que isso: ganhando e em dólares. A parte boa da história cantada pelo guitarrista Herbert Vianna, dos Paralamas do Sucesso, motivou mais de 3 mil pessoas a se candidatar a 540 vagas de tripulantes de navio para cargos temporários de sete meses e salários entre US$ 200 e US$ 1,200 mais gorjetas - quase obrigatórias. A inscrição foi feita nesta terça-feira, no Posto de Atendimento do Trabalhador (PAT) da Secretaria de Estado do Emprego e Relações do Trabalho (Sert). Estímulo não falta, na opinião dos candidatos, para largar a carreira de engenheiro ou a faculdade de arquitetura. "Sete meses viajando de transatlântico e ganhando em dólar. Quer mais o quê?", indagou a universitária Fabiana Rodrigues de Souza, de 22 anos. "Se me chamarem, eu tranco a faculdade e vou", disse a estudante do 4º ano de arquitetura na Universidade de São Paulo (USP). Quem indicou o caminho das pedras para conhecer as costas brasileira e norte-americana, mais o Caribe, foi a colega de classe, Flavia Medina de Oliveira. Ela completou nesta terça-feira 21 anos na esperança de que o presente de aniversário seja dado com a conquista de uma vaga. "Se nós duas passarmos será melhor ainda." Elas nunca viajaram de navio. Na quinta-feira, os pré-selecionados serão entrevistados pelos contratantes - Carnival Cruise Lines e Splendour of the Seas - e saberão na hora se serão contratados. A maioria dos 3.500 candidatos é de jovens de bom nível de escolaridade, com inglês fluente e vindos de famílias de classe média. Para a supervisora de acompanhamento e treinamento da Sert, Maria Alice Fernandes Amorim, isso é conseqüência do desemprego no País. "Quem veio para cá é mão-de-obra qualificada que perdeu o emprego", avaliou. O aposentado Ricardo Bentevegna ficou na porta do PAT, esperando a filha Risele, de 26 anos, agente de reservas da Transbrasil que trabalhou em Los Angeles, nos Estados Unidos. Ninguém escondia a esperança e o bom humor. O engenheiro químico desempregado Sérgio Coelho, de 26 anos, disse fazer caipirinhas sem problemas e não errar na batida de maracujá. Falta muito para ele ser um grande barman de transatlântico, mas isso não tira seu otimismo. "É uma grande experiência de vida", acredita. "Só espero que não seja coisa de gaiato, como na música."

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