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Vale acata pedido da força-tarefa e afasta mais dez gerentes e engenheiros

Presidente e três diretores já haviam se afastados no sábado passado. Parte dos funcionários será realocada em outras funções

Por Renata Batista
Atualização:

RIO - A Vale comunicou nesta sexta-feira, 8, o afastamento de cinco gerentes e cinco geólogos da empresa, cuja saída havia sido pedida pela força-tarefa de promotores e policiais que apuram o rompimento da barragem de Brumadinho (MG), em 25 de janeiro. Na semana passada, a mineradora já havia afastado o presidente da empresa, Fábio Schvartsman, e três diretores, também a pedido dos investigadores. 

O prazo dado pela força-tarefa para a Vale decidir sobre os afastamentos era até a segunda-feira. O gerente executivo de Governança de Geotecnia Corporativa, Alexandre Campanha; a gerente de gestão de Estruturas Geotécnicas, Marilene Araújo; o gerente executivo de Planejamento e Programação do Corredor Sudeste, Joaquim Toledo; o gerente executivo do Complexo Paraopeba, Rodrigo Melo; e o geólogo vinculado à gerência executiva de Planejamento e Programação do Corredor Sudeste, César Grandchamp, serão afastados definitivamente. Outros cinco funcionários serão realocados em outras funções.

Moradores de Brumadinho observam a lama que atingiu a cidade. Foto: Washington Alves/Reuters

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O setor de geotecnia da Vale, criado após o rompimento da barragem de Mariana em 2015, maior desastre ambiental do País, é o foco dos pedidos. Não só teria deixado de agir para reduzir riscos nessas estruturas, como teria trocado empresas e pressionado auditores para obter laudos de segurança, conforme os investigadores.

A demora da Vale em agir envolve a dificuldade para negociar os termos do afastamento, conforme apurou o Estadão/Broadcast. A situação desse grupo é diferente da dos quatro dirigentes afastados na semana passada, que têm direito a vantagens relevantes.

Os diretores têm apólice de seguro, a D&O (Directors & Officers) que cobre os custos processuais. Também têm contratos que cobrem multas e arrestos de patrimônio privado, desde que no fim dos processos sejam inocentados. Além disso, é garantida remuneração pós-emprego. Os integrantes da diretoria afastados receberão, somados, cerca de R$ 80 milhões, mesmo que peçam demissão.

Já os gerentes e funcionários não têm essas garantias em contrato. A informação obtida, porém, é de que a Vale vai manter o pagamento de salário e da defesa deles até o fim do processo, caso sejam indiciados. 

“Era uma premissa da nossa parte para que tudo corresse sem qualquer contaminação ou interferência desses executivos e funcionários da empresa em algum tipo de prova, fazendo alguma pressão, exercendo alguma influência”, disse o delegado da Polícia Federal Luis Augusto Pessoa Nogueira, à frente das apurações sobre o desastre, que tem 193 mortos confirmadas e 115 desaparecidos.

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Entendo que a Vale tomou atitude que foi melhor para ela, para se preservar

Luis Augusto Pessoa Nogueira, DELEGADO DA POLÍCIA FEDERAL

Procurada pelo Estado, a Vale esclareceu que “o Conselho se reuniu e recomendou que a Diretoria Executiva seguisse a recomendação (da força-tarefa) em sua plenitude. Coube à Diretoria Executiva, a quem respondem os empregados, em reunião no dia 7, atender à recomendação da força-tarefa.” /COLABOROU LEONARDO AUGUSTO, ESPECIAL PARA O ESTADO

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