Vale e BHP devem depositar em 30 dias R$ 1,2 bi para medidas em Mariana
Acionistas da Samarco devem ainda comprovar, em um prazo de 90 dias, que os vazamentos de rejeitos na barragem de Fundão foram definitivamente estancados
Por Luana Pavani
Atualização:
SÃO PAULO - A Justiça Federal de Minas Gerais determinou que Vale, BHP Billiton e Samarco depositem R$ 1,2 bilhão para a execução do plano de recuperação integral dos danos causados pelo rompimento da Barragem de Fundão, em Mariana, em novembro de 2015. O prazo para o repasse desses recursos é de 30 dias.
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A decisão é da juíza Rosilene Maria Clemente de Souza Ferreira, da 12.ª Vara Federal de Belo Horizonte, em análise de ação civil pública movida contra a Samarco.
No processo, as empresas defenderam que dos R$ 2 bilhões prometidos em um Termo de Ajustamento de Conduta para ações reparatórias, R$ 1,940 bilhão seria pago até o fim deste ano. A Justiça, porém, reconheceu o repasse de somente R$ 800 milhões e obrigou as rés a quitar o restante da dívida. A sentença também determina que as empresas Vale e BHP, acionistas da Samarco, terão o prazo de 90 dias para comprovar que os vazamentos de rejeitos na Barragem de Fundão, no distrito de Bento Rodrigues, foram definitivamente estancados.
Um ano da tragédia: protesto em Bento Rodrigues
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Protesto no aniversário de um ano do desastre em Mariana
Em Bento Rodrigues, distrito destruído pela lama, houve um protesto para lembrar as 19 vítimas do acidente Foto: Antonio Lacerda/EFE
Protesto no aniversário de um ano do desastre em Mariana
O protesto foi organizado pelo grupo Movimento dos Atingidos por Barragens Foto: Antonio Lacerda/EFE
Protesto no aniversário de um ano do desastre em Mariana
Um grupo de pessoas limpou as mãos de lama como homenagem às vítimas do desastre Foto: Antonio Lacerda/EFE
Protesto no aniversário de um ano do desastre em Mariana
Em torno de 400 pessoas participaram de uma marcha até às ruínas do distrito Bento Rodrigues Foto: Antonio Lacerda/EFE
Protesto no aniversário de um ano do desastre em Mariana
As pessoas que fizeram o protesto deste sábado, 5, montaram cruzes em homenagens às vítimas do desastre Foto: Antonio Lacerda/EFE
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A taxa de desemprego em Marina é de 25% - mais que o dobro do índice nacional Foto: Antonio Lacerda/EFE
Protesto no aniversário de um ano do desastre em Mariana
A lama ainda tinge o Rio do Carmo e segue para o Rio Doce Foto: Antonio Lacerda/EFE
Protesto no aniversário de um ano do desastre em Mariana
O desastre prejudicou o abastecimento de água de 27 cidades de Minas Gerais e do Espírito Santo Foto: Antonio Lacerda/EFE
Protesto no aniversário de um ano do desastre em Mariana
As ruínas de Bento Rodrigues tornaram-se local de homenagem às vítimas do desastre Foto: Antonio Lacerda/EFE
Protesto no aniversário de um ano do desastre em Mariana
Desde o desastre, nada mudou em Bento Rodrigues Foto: Antonio Lacerda/EFE
Protesto no aniversário de um ano do desastre em Mariana
Os integrantes do grupo Movimento dos Atingidos por Barragens dão apoio às vítimas do acidente e participam de debates sobre saúde e direitos humanos Foto: Antonio Lacerda/EFE
“Quanto ao estancamento do vazamento de rejeitos que ainda se encontram na barragem rompida, considero que não há nos autos prova definitiva de cessação do vazamento nem de que as medidas que estão sendo tomadas são totalmente eficazes para esse fim”, disse a juíza.
Retirada da lama. Ainda foi determinado que as companhias apresentem em seis meses estudos conclusivos, com o devido aval dos órgãos ambientais, sobre o plano de ação e viabilidade da retirada da lama depositada nas margens do Rio Doce, seus afluentes e adjacências da foz. A multa diária em caso de descumprimento é de R$ 1,5 milhão.
Em nota, a Samarco disse ter tomado “conhecimento” da decisão e estuda eventuais medidas. A empresa reafirma que está “cumprindo com suas obrigações e compromissos assumidos no Termo de Transação e de Ajustamento de Conduta (TTAC), assinado em março pela Samarco e seus acionistas com os governos de Minas Gerais e Espírito Santo”.
A Vale, por sua vez, disse, também em nota, que “continuará adotando todas as medidas para assegurar seu direito de defesa dentro dos prazos legais e manterá o apoio à Samarco para que continuem sendo adotadas as medidas de reparação”.
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Mortes. Já a BHP Billiton esclareceu que não foi oficialmente notificada do referido processo e reforça que segue apoiando a Fundação Renova e a Samarco no cumprimento das ações de recuperação.
No mês passado, o Ministério Público Federal (MPF) denunciou à Justiça 21 integrantes da cúpula da Samarco e conselheiros da empresa indicados pelas duas controladoras da mineradora, Vale e BHP Billiton, por homicídio qualificado com dolo eventual - quando se assume o risco de matar - pela morte das 19 vítimas da queda da Barragem de Fundão, em Mariana, desastre ambiental que completou um ano no dia 5./COLABOROU LEONARDO AUGUSTO, ESPECIAL PARA O ESTADO
Bento Rodrigues (MG), um ano após o 'mar de lama'
1 / 9Bento Rodrigues (MG), um ano após o 'mar de lama'
Bento Rodrigues (MG), um ano após o 'mar de lama'
Obras do dique S4, em construção pela Samarco; à frente, o Rio Gualaxo e, ao fundo, o distrito de Bento Rodrigues Foto: Márcio Fernandes/Estadão
Bento Rodrigues (MG), um ano após o 'mar de lama'
Destroços da Escola de Bento Rodrigues Foto: Márcio Fernandes/Estadão
Bento Rodrigues (MG), um ano após o 'mar de lama'
Vista aérea das ruínas de casas destruídas pela lama em Mariana (MG) Foto: Márcio Fernandes/Estadão
Bento Rodrigues (MG), um ano após o 'mar de lama'
Prédio que abrigava o posto de saúde de Bento Rodrigues Foto: Márcio Fernandes/Estadão
Bento Rodrigues (MG), um ano após o 'mar de lama'
Esqueletos de construções da Rua Dona Olinda, em Bento Rodrigues, hoje abandonada Foto: Márcio Fernandes/Estadão
Bento Rodrigues (MG), um ano após o 'mar de lama'
Obras do dique S3, já construído pela Samarco em Bento Rodrigues para segurar a lama Foto: Márcio Fernandes/Estadão
Bento Rodrigues (MG), um ano após o 'mar de lama'
Igreja de Paracatu de Baixo, em Mariana; as paredes brancas seguem tingidas de lama Foto: Márcio Fernandes/Estadão
Bento Rodrigues (MG), um ano após o 'mar de lama'
Vista aérea do vilarejo de Paracatu de Baixo, onde viviam cerca de 130 famílias Foto: Márcio Fernandes/Estadão
Bento Rodrigues (MG), um ano após o 'mar de lama'
A igreja de Paracatu de Baixo, em Mariana, vem sendo escavada por arqueólogos Foto: Márcio Fernandes/Estadão