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''Valet autônomo'' fatura até R$ 4.500

Por Edison Veiga e Renato Machado
Atualização:

Eles não querem mais ser flanelinhas. Preferem "manobristas de rua" ou "valets autônomos". "Já me chamaram de ?flanelinha camarada?", afirma Reginaldo Pereira, de 31 anos, há 7 no ramo. "Mas (o termo) flanelinha pega mal porque está muito queimado, né?" As novas denominações são consequência de uma diversificação da atividade. Além de brigarem por uma gorjeta em troca da ajuda não solicitada na baliza, eles agora oferecem serviço informal de valet e vendem ilegalmente cartões de Zona Azul. Com isso, os ganhos passaram de trocados para até R$ 4.500 por mês. Quem trabalha nas redondezas da Alameda Gabriel Monteiro da Silva e do Shopping Eldorado, em Pinheiros, zona oeste de São Paulo, já sabe que é praticamente impossível estacionar sem ter um contrato verbal, sem papel mesmo, com um dos flanelinhas da região. Reginaldo e seu pai, José Pereira, afirmam cuidar de cerca de 30 carros por mês, fixos. O cliente deixa a chave com eles, que manobram e entregam o carro na porta do escritório. "Não tem erro, não. Nunca aconteceu nenhum problema. Tenho uma relação de confiança com as pessoas", diz Reginaldo. "Nosso trabalho é organizar a rua para sempre ter vaga." Para parar ali por um dia, eles cobram R$ 5. Por mês, são R$ 60. "Mas a gente negocia, já chegamos a cobrar até R$ 80." Uma funcionária de um banco afirmou, porém, que ninguém consegue vaga se não entrar no esquema. "Eles estacionam os carros dos ?clientes? com distância maior, de modo a ocupar mais espaço na rua. Quando surge outro carro, apertam um pouco mais", reclama. Não são os únicos. O Estado tentou negociar uma vaga com outra dupla. Valdir e José - que não revelaram sobrenome - disseram que é "só chegar" que eles conseguem vaga. Diante da desconfiança do repórter quanto à "qualidade do serviço", eles argumentaram que têm clientela de 50 carros. O preço? Mensalidade de R$ 90. Com multiplicação simples, conclui-se que faturam quase dez salários mínimos. "A rua é pública, e eles não têm esse direito", afirma o porta-voz da Polícia Militar, capitão Emerson Macera.

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