Carlos Drummond de Andrade, um dos maiores poetas brasileiros, deixará de usar óculos. Pelo menos enquanto não for instalada uma câmera de segurança, em frente à estátua do poeta, na Praia de Copacabana. A decisão da prefeitura ocorreu depois que o objeto foi levado na quarta-feira, 21, dois dias depois de ter sido recolocado na estátua. Essa foi a quarta vez que a peça foi furtada. Entre fevereiro e maio, a estátua ficou sem óculos. A Fundação Parques e Jardins já não tinha mais a réplica da armação usada por Drummond e os técnicos tentavam reconstituí-la a partir de fotografias do poeta. Ao saber disso, Pedro Drummond de Andrade, neto do escritor, cedeu a réplica que havia recebido de presente do artista plástico Leo Silveira, autor da escultura. A reinstalação foi feita na tarde de terça-feira. Pedro e o filho Miguel acompanharam a recuperação da estátua. Dessa vez, os técnicos da Fundação Parques e Jardins decidiram soldar os óculos de bronze puro em três pontos, de cada lado do rosto do poeta - na orelha, testa e bochecha. A intenção era dificultar a ação de vândalos. Não foi o suficiente. Os técnicos da prefeitura acreditam que os óculos foram arrancados com a ajuda de uma barra de ferro que funcionou como alavanca. Cada par de óculos custa R$ 3 mil. Por conta disso, a diretora de Monumento e Chafarizes da Fundação Parques e Jardins, Vera Dias, decidiu não reinstalar a armação. Segundo a assessoria de imprensa da fundação, Vera vai pedir à Companhia de Engenharia de Tráfico (CET-Rio) a instalação de uma câmera de monitoramento do trânsito que fique voltada para a estátua do poeta. Essa foi a estratégia adotada pela Fundação Parques e Jardins para coibir, por exemplo, as pichações na estátua de Zumbi, no centro da cidade. Por ano, a fundação gasta R$ 500 mil para restaurar ou pintar estátuas e mobiliário urbano alvo de vandalismo.