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Vazamento em Minas pode deixar 100 mil sem água no Rio

Cerca de 2 bilhões de litros de resíduos vazaram de empresa mineira

Por Agencia Estado
Atualização:

Pelo menos 100 mil pessoas de cinco municípios do Rio podem ficar sem água por causa do vazamento de cerca de 2 bilhões de litros de resíduos da empresa mineira Rio Pomba Mineração, na madrugada desta quarta-feira. Há dez meses, 400 milhões de litros vazaram da mesma barragem. A composição química exata e o volume total ainda não foram definidos por exames. A princípio, não são tóxicos. Segundo a empresa, é uma mistura de argila, lodo e sulfato de alumínio, que é usado para tratamento de água. No entanto, uma análise do material que vazou no último acidente apontou a presença de cromo acima do padrão considerado aceitável. O volume de resíduos pode provocar a destruição da fauna e da flora no entorno do rio Muriaé. De acordo com o governo do Rio, pode ter havido omissão dos órgãos ambientais mineiros ou conivência de fiscais. Após o primeiro acidente, o Ministério Público (MP) determinou que fossem tomadas medidas de prevenção. "É inaceitável, estou indignado. Mais uma vez temos um acidente em Minas com impacto ambiental no Rio. É lamentável que isso volte a acontecer. Foi um ato criminoso. A empresa já deveria estar fechada e seus dirigentes, presos", declarou o presidente da Companhia de Águas e Esgotos do Rio (Cedae), Wagner Victer. Ele afirmou que pode ter havido omissão do governo de Minas na fiscalização, mas ressalvou que cabe ao Ministério Público apurar a hipótese de "conivência de um ou outro fiscal". O governador Sérgio Cabral Filho foi mais diplomático: "Já montamos um gabinete de emergência e falei com o governador Aécio Neves (PSDB). As coisas serão feitas em parceria", declarou o governador. Victer disse acreditar que os resíduos cheguem diluídos ao Rio Paraíba do Sul e ao município de Campos, por causa do grande volume de água provocado pela chuva nos últimos dias na região. Segundo o secretário, 38 caminhões-pipa devem chegar à região na manhã desta quinta-feira, 11, para tentar evitar o risco de crise de abastecimento. Ele recomendou que a população economize água. O secretário de Meio Ambiente do Estado, Carlos Minc, afirmou que a estrutura da barragem foi subdimensionada e a empresa não cumpriu o que deveria ter cumprido na obra de prevenção determinada pelo MP. Segundo ele, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) aguarda a preparação de laudos dos órgãos estaduais para multar a empresa com base na Lei de Crimes Ambientais. "Como não podemos multar em outro Estado, vamos ajuizar ações na Justiça. A relação com as autoridades ambientais de Minas é boa, mas não podemos dizer que estamos contentes com a situação. Se sabiam que a determinação não estava sendo cumprida, por que não tomaram medidas mais fortes?" Nenhum município ou pescador afetado no último acidente foi ressarcido até hoje. Minc disse que vai propor ao governo de Minas a criação de um plano conjunto de prevenção de novos acidentes. Segundo ele, há cerca de 500 barragens semelhantes nos dois Estados. Os municípios do Rio atingidos pelo acidente são: Lage do Muriaé, Itaperuna, São José de Ubá, Italva e Cardoso Moreira.

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