Verão agrava problema de tratamento do lixo

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Por Agencia Estado
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Na alta temporada, só o lixo recolhido no litoral norte seria capaz de erguer por mês uma pilha de 24 metros de altura sobre o gramado do Estádio do Morumbi. No verão, as prefeituras e empresas terceirizadas recolhem na região 963 toneladas por dia de resíduos. É mais de três vezes a média dos outros meses do ano. O verão é brindado pelos turistas que lotam as praias e pelos comerciantes que ganham mais. Mas o crescimento da população nesses municípios agrava o problema do armazenamento e tratamento de lixo. Na última década, a expansão populacional no litoral foi maior que o do restante do Estado. As soluções para tratar essa montanha de lixo têm sido levá-los para aterros. No litoral norte, não há nenhum aterro sanitário construído de forma adequada. Todos estão se adaptando para evitar os problemas comuns nos antigos lixões: eliminação do chorume - líquido que escorre do lixo nos dias de chuva e contamina solo e águas subterrâneas -, mau cheiro e questionamentos judiciais. Os catadores só foram retirados da maioria deles nos últimos anos. - Centenas de urubus rondam diariamente o aterro de Ilhabela, que não recebe nenhum tratamento. No passado, já se cogitou levar as 15 toneladas diárias para um município vizinho, mas a solução era inviável. Os caminhões teriam de atravessar a balsa para levar os resíduos, causando outro problema. "O atual volume ainda permite um rearranjo do local para transformá-lo num aterro adequado", explica Edward Boehringer, diretor da Secretaria de Meio Ambiente. Banho - Esse é o mesmo raciocínio do chefe de serviços públicos de Ubatuba, Pedro Paulo Sousa. No município, no bairro Parque dos Ministérios, funciona um aterro controlado. A diferença com um aterro sanitário é que aquele não faz o controle do chorume. Em Ubatuba, o líquido poluidor escoa nos dias de chuva para o Rio Grande, que deságua na Praia de Iperoig. Tanto em um quanto em outro lugar, banhistas se divertem nas suas águas. A prefeitura de Caraguatatuba trabalha desde 1997 para transformar seu antigo lixão num aterro sanitário e quer criar duas outras áreas, mas esses projetos nunca saíram do papel por terem sido contestados na Justiça. Só no verão, o lixo gerado pelos turistas aumenta de 70 para 150 toneladas por dia. "Durante a temporada, é impossível atingir a limpeza de 100% das ruas e praias. Em 2000, atingimos 70%, mas este ano queremos chegar a 90%", diz Gilberto Santos, diretor do Departamento de Limpeza Urbana. Reciclagem - Uma solução defendida por ambientalistas para a diminuição na coleta e no tratamento de lixo seria a reciclagem. O município de São Sebastião, tido como exemplo da iniciativa, ainda tenta deslanchar o projeto. Iniciado em 1989, ele teve bons e maus momentos e agora tenta recuperar a credibilidade da população. Hoje, das 80 toneladas de lixo diárias, menos de 5 seguem para a cooperativa de coleta seletiva.

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