Veterinário acusa Ibama de negligência

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Por Agencia Estado
Atualização:

O veterinário André Luiz Paiva Sena Maia acusou hoje o Ibama de ter tomado conhecimento das irregularidades ocorridas no Bwana Park e não ter tomado as medidas necessárias. Ontem o parque foi interditado por fiscais do órgão ambiental e agentes da Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente (DPMA), que acharam mais de 100 animais mortos e indícios de maus-tratos e inanição, entre eles uma onça-pintada, araras, macacos-prego, jabutis, um gavião e um jacaré. Maia, que trabalhou no zoológico, apresentou ao delegado Arthur Cabral, titular da DPMA, um informe técnico encaminhado ao Ibama em 17 de outubro de 2000, protocolado sob o número 02022.001621-00-21. A assessoria do instituto informa que interditou o parque em dezembro de 2000 por inadequação das instalações, autorizando sua reabertura em fevereiro, já em condições de funcionamento. O parque pertencia ao suíço Werner Erwin Meier e passou, depois de sua morte, a ser comandado por sua viúva, Eliete Vieira dos Santos, que será ouvida pela polícia. Segundo o delegado, o informe do veterinário citava a necessidade de reformas urgentes nos recintos onde ficavam os animais, e afirmava também que a alimentação era insuficiente e não-balanceada. O parque não dispunha de biólogo e o controle de óbitos de animais foi retido por uma ex-funcionária, o que impediu a realização de necrópsias, o que teria obrigado o parque a manter as carcaças em freezers. Arthur Cabral informou que o veterinário teria apresentado o parecer também ao diretor técnico do parque, Daniel Antoine Marmy, que teria alegado falta de recursos para solucionar a situação. Marmy também depôs hoje e poderá ser responsabilizado. À polícia, Maia denunciou ainda que o Bwana vendeu animais irregularmente: foram dois chimpanzés, por US$ 30 mil cada. Os animais chegaram a ser alimentados com carcaças de cavalos mortos por atropelamento, o que também é ilegal. "Ele fez o que tinha que fazer. Chegou a comprar comida com dinheiro do próprio bolso", disse o delegado sobre o veterinário. O policial disse ter visto fotos chocantes, com cabeças de cavalos jogadas nas jaulas dos animais. O naturista Eduardo Leal, que pretendia instalar um clube de hedonismo no local, também pode ser responsabilizado. "Ele tinha escritório dentro do parque, que funcionava de segunda à sexta-feira, e de todo modo dominava a administração. Pode ter responsabilidade solidária", explicou Cabral.

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