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Vetos do Plano Diretor são elogiados por especialistas

Por Agencia Estado
Atualização:

Foram positivas as primeiras reações aos 16 vetos feitos pela prefeita de São Paulo, Marta Suplicy, ao Plano Diretor da cidade. Protocolada hoje na Câmara Municipal, a lei teve toda sua parte referente às mudanças de zoneamento vetadas pela prefeita, que admitiu que a medida visava encerrar a polêmica sobre as emendas anônimas, apresentadas na madrugada do dia 23 de agosto, quando o projeto foi aprovado. "Prevaleceu o bom senso da prefeita", afirmou à Agência Estado o líder do PSDB na Câmara, vereador Ricardo Montoro. "Os vetos extirparam a parte podre do plano", continuou. A arquiteta e urbanista Raquel Rolnik, que participou das discussões do plano, concorda. "Foi uma vitória da sociedade civil organizada, que demonstrou claramente sua indisposição em ver o zoneamento transformado em balcão de negócios para interesses particulares", declarou. Para Montoro, contudo, os vetos não encerram a polêmica sobre a autoria das emendas que transformaram algumas áreas estritamente residenciais (Z1) em zonas mistas (Z2). Na próxima segunda, o Ministério Público intimou dois vereadores a prestar depoimento. "A cidade tem o direito de saber quem apresentou as emendas", defendeu. O líder do PSDB acrescentou que a Câmara paulistana foi a primeira do País a abolir o voto secreto. "Se não temos voto secreto, então também não precisamos de emendas anônimas", completou. Credibilidade Considera-se, também, que os vetos devolveram a confiança ao Plano Diretor. "Sem isso, a credibilidade de todo o plano seria posta em jogo", observou o conselheiro do Sindicato da Habitação do Estado (Secovi-SP), Walter Lafemina. Raquel acrescentou que a lei "ganha muito em legitimidade, porque foi fruto de uma longo processo de negociação". O vereador Ricardo Montoro concorda. "O trabalho foi muito participativo", disse, lembrando as emendas do PSDB acatadas pelo relator do substitutivo, vereador Nabil Bonduki (PT). Além de minimizar o mal-estar causado pela polêmica, considera-se que a decisão da prefeita também foi correta por recolocar a discussão sobre o zoneamento em seu devido lugar - na revisão da lei de uso e ocupação de solos e no desenvolvimento dos planos diretores regionais, que devem ser finalizados pela Secretaria de Planejamento até abril de 2003. "Agora temos mais segurança de que a segunda etapa do plano (a revisão do zoneamento e a criação dos planos regionais) será feita de maneira transparente", disse a urbanista Raquel Rolnik. Mesmo a manutenção da outorga onerosa, instrumento bastante criticado pelos incorporadores nos últimos meses, não parece ser mais um problema para o mercado. "Só não queríamos que a outorga onerasse os custos de produção", ressaltou Lafemina, do Secovi-SP. Segundo ele, o peso da taxa sobre os projetos poderá ser diluído se, na revisão do zoneamento, se criar áreas possíveis de maior adensamento, em que a escala dos projetos compense o custo adicional.

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