Via Amarela fez pressão para mudança de laudo, diz técnico

Consórcio responsável pela Linha 4 nega ter pedido alteração; técnico de soldagem que assinou o laudo sobre Estação Fradique falou à Assembléia de SP

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Por Agencia Estado
Atualização:

O técnico em soldagem Nelson Damásio afirmou na terça-feira, 6, que foi pressionado pelo Consórcio Via Amarela - responsável pelas obras da futura Linha 4-Amarela do Metrô - a mudar o laudo emitido sobre problemas na estrutura metálica das obras da futura Estação Fradique Coutinho. A afirmação foi feita à Comissão de Representação da Assembléia de São Paulo, criada para investigar as causas do desabamento da futura Estação Pinheiros do Metrô, no 12 de janeiro, quando sete pessoas morreram. O pedido, segundo ele, feito pelo gerente de produção do consórcio, José Ricardo, em 13 de fevereiro, quando a imprensa divulgou o problema detectado por Damásio. "Depois que a matéria foi ao ar pela TV Globo, me pediram para reescrever o laudo e colocar questões mais técnicas, sem ser muito direto." Por meio de nota da Assessoria de Imprensa, o Consórcio Via Amarela - formado pelas empresas Odebrecht, OAS, Camargo Corrêa, Queiroz Galvão e Andrade Gutierrez - negou qualquer tipo de pressão sobre Damásio. "Não faz sentido nem se deve perder de vista que o técnico foi contratado pelo consórcio. E, portanto, não caberia sugerir alterações ao relatório de inspeção. Em relação à segurança da obra, o assunto foi esclarecido por profissionais e técnicos especializados em estrutura dando conta de que a obra não apresenta nenhum risco." O deputado João Caramez (PSDB) queria saber se foi Damásio quem divulgou o laudo para a imprensa. Diante da negativa, Caramez pediu a convocação de um funcionário do consórcio que contratou Damásio para fazer o laudo da soldagem. O ex-presidente do Metrô Luiz Carlos David também prestou depoimento. Ele negou que a crise provocada pelo desabamento das obras da futura Estação Pinheiros tenha sido o motivo de sua saída. David admitiu que o consórcio utilizou manta de impermeabilização em desconformidade com o contrato firmado com o Metrô, além de as soldagens terem sido feitas de modo incorreto, mas frisou que isso não provocou o acidente que matou sete pessoas.

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