20 de maio de 2011 | 00h00
A deputada Jaqueline Roriz (PMN-DF) terá desconto em seu holerite deste mês por ter viajado para o exterior sem ter recebido autorização da presidência da Casa. Segundo a Câmara dos Deputados, o desconto será relativo às sessões deliberativas realizadas nesta semana, das quais a deputada não participou. A assessoria de Jaqueline afirma que ela vai recorrer administrativamente se a medida for efetivada.
O salário de um deputado federal é de R$ 26,7 mil. Pelas regras da Casa, 62,5% dos vencimentos são vinculados à presença nas sessões deliberativas. Nesta semana, foram realizadas sessões de votações na terça e na quarta-feira. Com isso, a deputada pode perder cerca de R$ 2 mil.
Jaqueline é investigada no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar por causa de um vídeo de 2006 em que aparece recebendo um pacote de dinheiro do delator do mensalão do DEM, Durval Barbosa. A parlamentar sustenta que o dinheiro foi usado para caixa 2 de campanha eleitoral.
A deputada está em Nova York desde sexta-feira passada. Ela pediu à Comissão de Relações Exteriores para representar o colegiado no Fórum Permanente de Comunidades Indígenas do Conselho Econômico e Social da ONU. O presidente da comissão, Carlos Alberto Lereia (PSDB-GO), acolheu o pedido e formalizou a indicação de Jaqueline no dia 4.
O ofício de Lereia chegou à presidência da Câmara no dia 5, mas o presidente Marco Maia (PT-RS) foi para a Coreia do Sul no dia 12 sem autorizar a viagem. Sua substituta, Rose de Freitas (PMDB-ES), também se negou a deferir o pedido e o gabinete de Jaqueline foi avisado informalmente que não seria dado o respaldo para que ela representasse a Câmara. A deputada, porém, viajou mesmo assim. Jaqueline volta a Brasília no fim de semana.
Integrantes do conselho criticaram o fato de a deputada investigada pedir para representar a Casa. Eles questionam também a estratégia da defesa de usar todo o prazo para as manifestações finais. A avaliação é que a Jaqueline está tentando protelar o processo para aumentar as chances de salvar o mandato.
A principal tese de sua defesa é que não se pode investigar fatos anteriores ao mandato. Com esse argumento, espera espalhar um temor pela Casa de que a condenação de Jaqueline pode abrir brechas para a punição de outros deputados com problemas anteriores à posse.
Diante da viagem e da nova estratégia da defesa, o relator do caso, Carlos Sampaio (PSDB-SP), reclama da colega. "Essas atitudes mostram uma mudança de postura. A defesa antes dizia que desejava acelerar o processo para provar a inocência dela e agora quer retardar o julgamento."
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