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Vice dos sonhos, Aécio sobe o tom das críticas ao PT

Escalado para falar antes de Serra, ex-governador mineiro levanta plateia e encoraja militância a comparar os governos FHC e Lula

Foto do author Célia Froufe
Por Christiane Samarco e Célia Froufe (Broadcast)
Atualização:

Levantar a plateia era a missão do ex-governador de Minas Gerais Aécio Neves na cerimônia que o PSDB montou para lançar a pré-candidatura de José Serra à Presidência, ontem, em Brasília. E ele conseguiu. Estrategicamente escalado para se pronunciar antes de Serra, Aécio assumiu a postura de candidato de oposição e subiu o tom nas críticas ao PT com uma contundência inédita. Ao final, convidou Serra para iniciar a pré-campanha por Minas. Apesar do atraso na chegada, Aécio já entrou aclamado pelos militantes que entoavam o coro de "vice, vice, vice". Da lista dos ilustres do PSDB, ele foi o último a chegar ao evento, mas arrebatou o público no instante em que subiu ao palco. Disse que seu objetivo foi o de encorajar a militância a fazer todo tipo de embate durante a campanha, inclusive o ideológico e o da comparação entre os governos Lula e Fernando Henrique Cardoso. Tucanos e aliados do DEM e do PPS não têm dúvida de que Aécio é o nome perfeito para compor a chapa puro-sangue do PSDB ao Palácio do Planalto. Em sua fala, ele mostrou que está disposto a se engajar na candidatura do partido, fazendo a tradução política do anúncio de que não seria mais candidato a presidente, em dezembro do ano passado. "Naquele momento, dei o primeiro sinal de que estaria a seu lado, Serra". Ao longo do discurso, foi interrompido quatro vezes por aplausos e saudações. Sorriu, mas saiu dizendo que é candidato ao Senado por Minas Gerais. Para muitos, no entanto, Aécio deixou uma brecha para esta possibilidade, com uma frase dirigida a Serra: "Estarei a seu lado onde quer que eu seja convocado". A cúpula tucana se encheu de esperanças e Serra comentou ali mesmo que ficara "felicíssimo" com o discurso. Mais tarde, porém, Aécio explicou que se dispusera a ajudar na campanha onde quer que o candidato o requisite, em Minas ou fora de seu Estado. Disse que não se referiu à chapa presidencial.Citando governo a governo desde a eleição indireta de Tancredo Neves, seu avô, Aécio disse que a participação do PSDB sempre esteve ligada aos grandes momentos da história brasileira, como o impeachment de Collor e o lançamento do real, no governo de Itamar Franco - cujo ministro da Fazenda era Fernando Henrique Cardoso. "Não há nada do que nos envergonhar."A fala de Aécio deu mais força política ao discurso de Serra, que em seguida se auto-propagou como o "candidato da união". Aécio fez questão de afirmar que, a partir daquele instante, "o candidato de Minas Gerais é José Serra". Voltando-se ao pré-candidato, acrescentou: "Serra, a partir de hoje, sua voz será a nossa voz".As delegações mineiras que se deslocaram para Brasília eram o retrato vivo do engajamento que Aécio alardeava no discurso. "Minas é Serra", lia-se em camisetas de militantes. Em outras, a frase era "Somos Aécio. Todos por Serra e Anastasia", em referência ao governador Antonio Anastasia, que sucedeu Aécio. A postura oposicionista de Aécio foi bem recebida, sobretudo porque, dias antes, a candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, avaliara Aécio como "governador exemplar". Ela chegou a falar em dobradinha entre os partidos em Minas, sugerindo uma chapa híbrida para presidente e governador, chamada "Dilmasia" ou "Anastadilma."

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