Vigia mata e esquarteja empresária no Rio

Juarez José de Souza matou a empresária Edna Tosta Gadelha de Souza e cortou o corpo dela ao meio, jogando-o fora em sacos de lixo

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Por Agencia Estado
Atualização:

O vigia Juarez José de Souza, preso na noite de terça-feira, 29, confessou ter matado e esquartejado a empresária Edna Tosta Gadelha de Souza, de 51 anos, na segunda-feira, 28. Juarez cortou o corpo da vítima ao meio e jogou a parte inferior, colocada dentro de um saco de lixo, numa rua de Botafogo no mesmo dia, à noite. Policiais da delegacia de Botafogo (10ºDP), na zona sul do Rio, fizeram na manhã desta quarta-feira, 30, uma busca no aterro sanitário de Gramacho, na Baixada Fluminense, na tentativa de encontrar a outra metade do corpo de Edna. Juarez, que é vigia de uma clínica veterinária vizinha à casa de festas de Edna, na Rua Bambina, teria matado a empresária por causa de um desentendimento relacionado a uma vaga no estacionamento. Na delegacia, ele confessou ter matado Edna com um corte na garganta e esquartejado o corpo com um serrote, para se livrar dele em sacos de lixo nas ruas do bairro. Choque O caso chocou os moradores de Botafogo, principalmente por causa da frieza e do motivo banal. Segundo o delegado Rodrigo Santoro, que chefia a investigação, o vigia contou que foi humilhado pela empresária depois de tentar impedir que ela estacionasse próximo à clínica onde trabalhava há um ano e meio. Ele disse que a empresária o teria ignorado e mantido o carro na vaga. O rapaz ainda reclamou que a empresária o chamou de "magrinho". Souza é ex-presidiário, condenado por roubo, e estava em liberdade condicional. Na tarde de segunda-feira, por volta das 13 horas, a empresária saiu da casa de festas dizendo que resolveria um problema rapidamente. Ela foi visitar o imóvel onde funciona a clínica, interessada em alugá-lo para instalar um consultório para a filha, recém-formada em odontologia. O vigia estava sozinho no local e a recebeu. No interior do casarão, bateu com um pedaço de mármore na cabeça dela. Desmaiada, Edna teve o pescoço cortado pelo assassino, que esperou a drenagem do sangue para serrar o corpo em duas partes. Ele levou quatro horas entre o crime e a limpeza do sangue da casa. Friamente, Souza embalou cada uma das metades em sacos pretos de lixo para livrar-se do corpo. A parte inferior do cadáver foi encontrada na Rua Sorocaba. A superior, que Souza diz ter deixado na Rua São Clemente, provavelmente foi levada pela Companhia de Limpeza Urbana (Comlurb). Com a ajuda de garis, policiais da 10º DP fizeram buscas nesta quarta, 30, no aterro sanitário, mas a outra metade ainda não foi encontrada. Os trabalhos serão reiniciados na quinta-feira, 31, quando os detritos dos últimos dias serão enterrados definitivamente. Se a parte superior não for encontrada, a inferior, já identificada pelo marido de Edna, poderá ser sepultada e o atestado de óbito obtido por exame de DNA. "Vamos reunir provas técnicas para corroborar a confissão, mas tudo indica que ele é mesmo o autor. Não podemos descartar outra motivação, mas a que ele apresentou pode parecer banal para nós, mas não foi para ele", avaliou o delegado Santoro, que encontrou indícios do crime na clínica. Ele ouviu de funcionários e amigos que a empresária tinha temperamento forte. Para o psiquiatra forense Talvane de Moraes, a brutalidade do assassinato não põe Souza entre portadores de algum tipo de patologia. Para ele, o crime foi praticado por um homem frio, que não tem os mesmos padrões morais e de valorização da vida que vigoram na sociedade. Falando em tese sobre o caso, Moraes ressalta o termo "humilhação" usado pelo bandido. "Não é patologia. Ele é um homem primitivo. Parece rude, com visão limitada da realidade, mas não é um retardado. Tanto que tomou as medidas para se livrar do corpo e quase foi bem-sucedido. Ele demonstra ter se sentido atingido por ela na sua auto-estima e quando explica o motivo o apresenta como uma razão fundamental, mas é claro que não é justificativa para matar alguém", analisa o psiquiatra. Ampliada às 18h56

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