PUBLICIDADE

Vinte carros, dois helicópteros e 100 policiais levam Beira-Mar a Fórum

Por Agencia Estado
Atualização:

Um grande esquema de segurança foi montado hoje para levar Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, do presídio Bangu 1, na zona oeste, para uma audiência no Fórum, no centro do Rio, um trajeto de pouco mais de 40 quilômetros. Cerca de vinte carros, dois helicópteros e 100 homens das polícias Civil e Militar e do Serviço de Operações Especiais (SOE) do Departamento do Sistema Penitenciário (Desipe) foram mobilizados para a ação, que incluiu atiradores de elite equipados com coletes à prova de balas e capacetes. Beira-Mar é acusado de chefiar uma quadrilha de traficantes de drogas que usava a Favela da Rocinha como depósito de cocaína, distribuída para outras favelas do Rio. Ele responde também pelo pagamento de propina a policiais e por usar o dinheiro arrecadado na venda de entorpecentes para comprar dólares. Beira-Mar foi preso em abril do ano passado, na Colômbia, e está há pouco mais de um mês no Rio. O traficante foi ao fórum participar de audiência na qual foram ouvidas sete testemunhas. O comboio deixou Bangu às 11h45 e chegou ao centro uma hora depois. Quatro policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope) da PM, armados com fuzis e pistolas, ficaram o tempo todo dentro da sala onde ocorreu a audiência. Quadrilha Autorizada pela Justiça, a polícia interceptou ligações telefônicas da quadrilha de Beira-Mar e 81 transcrições de conversas foram anexadas ao processo. As fitas estão sendo periciadas no Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE) e o laudo foi solicitado pelo juiz da 14ª Vara Criminal, Marcos Basílio. Todo o aparato foi necessário para que Beira-Mar pudesse ouvir os depoimentos de três testemunhas de acusação e quatro de defesa, entre eles Jaime Amato, condenado como tesoureiro da quadrilha e preso na Delegacia Anti-Seqüestro (DAS), e Marcos Marino dos Santos, o Chapolim, preso em Bangu 1, acusado de ter matado uma pessoa a mando do traficante. Ao lado de Wilton Teixeira de Araújo, o Geladeira, também denunciado nesse processo, Beira-Mar riu e balançou a cabeça negativamente em diversos momentos. Perto do fim da audiência, os quatro ficaram juntos e conversaram bastante. Além de Beira-Mar e de Geladeira, foram denunciados Sandro Mendonça do Nascimento, o Bil ou Jorge Tadeu, Marlúcia Rodrigues Moreira, a Tiazinha da Rocinha, Vicente Correia da Silva Filho, o Tio, Nicácio Evangelista da Silva, o Cacau, e Vanderlan Barros de Oliveira, o Feijão. A escuta telefônica foi feita do celular de Sandro Nascimento. De acordo com a polícia, o nome de Beira-Mar não era diretamente citado em ligação alguma, mas os policiais afirmaram que a quadrilha se referia ao traficante quando mencionava o "chefe". Ele seria chamado também de "amigo". A maioria das conversas gravadas acontecia entre o policial Vicente, Marlúcia e Nascimento. Durante as investigações surgiu uma advogada identificada como Carla, que conversa com o chefe do tráfico na Rocinha, alertando-o de que policiais pretendem seqüestrá-lo. Ela também é orientada a levar roupas e dinheiro para Beira-Mar quando ele estava na carceragem da PF, em Brasília. Um advogado que defendeu Beira-mar em Minas Gerais também deve ser ouvido pela polícia.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.