Violência de seqüestradores aumenta em SP

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Por Agencia Estado
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Dois dias antes de ser libertado, o estudante R.P.B.C., de 24 anos, teve parte do dedo mínimo esquerdo amputado pelos seqüestradores. Eles diziam que enviariam a falange à família da vítima, mas acabaram enterrando-a e deixando uma carta no km 223 da Rodovia Presidente Dutra. No fim da tarde de ontem, a Polícia Militar recebeu uma denúncia anônima e estourou o cativeiro onde a vítima estava desde que havia sido seqüestrada, em 27 de setembro: um sobrado, na Rua Engenheiro Plínio Antônio Branco, em Cangaíba, na zona leste de São Paulo. R.P.B.C. é filho do proprietário de uma loja de autopeças no Ipiranga, zona sul. O resgate não foi pago. A vítima estava na parte de cima do sobrado, em um quarto. No local foram detidas a copeira Zenilda Maria Silva Santo, de 40 anos, e o adolescente J.R.M.M, de 15 anos, filho de Dulcinéia Mariano, de 35 anos. Esta última foi detida mais tarde, no Hotel Flor da Liberdade, na Rua Conselheiro Furtado, no Glicério, região central. Ela foi reconhecida pelo estudante como sendo uma das pessoas que haviam estado no cativeiro, durante o tempo em que ele ficou no sobrado. A crueldade dos criminosos para forçar as famílias a pagar o resgate das vítimas de seqüestro vem aumentando. No ano passado, na região de Campinas, os seqüestradores deram um tiro na perna de um comerciante para obrigá-lo a conseguir dinheiro para pagar o resgate do filho. Em São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo, os bandidos mandaram para a família um dedo de uma das mãos do comerciante Jackson Wataru Komati, de 24 anos. A quadrilha recebeu o resgate e, mesmo assim, matou o rapaz. A violência dos criminosos que matam, mutilam, ferem e mantêm as pessoas por longos períodos em cativeiro, muitas vezes racionando comida e água, tem levado cada vez mais vítimas de seqüestros a procurar o Departamento de Psiquiatria do Hospital das Clínicas. O HC até criou em janeiro um setor para atender especificamente às vítimas desse tipo de crime. Mais de 80 pessoas já foram atendidas por psiquiatras e psicólogos no local. Traumatizadas e feridas, as vítimas relataram seus dramas, foram submetidas a testes psicológicos e iniciaram o tratamento terapêutico pós-traumático, que dura em média de três meses. Os seqüestros aumentaram 50% na capital. De janeiro a setembro, ocorreram 270 casos. No mesmo período do ano passado, foram 180. Janeiro foi o mês que apresentou o maior número de seqüestros: 48. Setembro registrou o menor: 22. Atualmente, três seqüestros estão em andamento na capital.

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