Violência espanta visitantes da Quinta da Boa Vista

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Por Agencia Estado
Atualização:

O tiroteio que provocou o fechamento do zoológico do Rio, na manhã de sábado, espantou os visitantes de toda a área de lazer da Quinta da Boa Vista, em São Cristóvão, zona norte, onde fica o Rio Zôo. Hoje, o movimento foi bem menor do que o de um domingo normal. "Não posso dizer que o motivo foi o tiroteio ou a chuva que caiu de madrugada. Amanhã deve haver uma reunião para fazer um balanço do número de visitantes", disse o plantonista administrativo do Zôo, Heber Guimarães de Melo. O zoológico abriu no horário de sempre, das 9h às 16h30, com o mesmo efetivo de 23 seguranças de uma empresa particular. A elefanta Koala, de 37 anos, teve um dia atípico. Ela foi presa a uma coluna, com uma corrente amarrada na pata, e ficou com espaço reduzido para caminhar. "No sábado ela estava solta, mas ficou estressada com o tiroteio", explicou o gerente. O objetivo foi evitar que Koala causasse algum tipo de transtorno, escapando da área reservada para ela. Na manhã de sábado, o Centro de Educação Ambiental do Zôo foi atingido por balas durante troca de tiros entre bandidos do morro da Mangueira e policiais militares, causando pânico entre os visitantes. Por recomendação da polícia, o zoológico foi fechado. Um soldado da PM foi atingido na cabeça e está internado no Hospital da Polícia Militar. No centro de estudos, três portas de blindex quebraram e ainda hoje se viam os furos de bala nas paredes das salas, que estavam vazias na hora do acidente. A área reservada para a elefanta Koala fica entre a favela e o centro. Daquela parte do Zôo, avista-se um trecho do morro, cortado por uma rampa para a subida de carros. Foi com a chegada de um carro da PM, pela rampa, que o tiroteio começou. "Como eram nove e meia da manhã, as salas ainda estavam vazias. Imagine se fosse um dia de semana, em que o zoológico fica cheio de crianças em visita das escolas", lamentou Melo. "O presídio saiu daqui, mas o morro não dá para tirar do lugar", completou. Além da favela, também era vizinho do Zôo o presídio conhecido como Galpão da Quinta, que foi desativado. Em 57 anos de existência, foi a primeira vez que o zoológico foi fechado por causa da violência. Segundo o gerente, entre 300 e 500 pessoas estavam no local na hora do acidente. "Bem que achamos mais vazio hoje, mas tinha uns três anos que não vínhamos ao zoológico. E olha que tem um quartel aqui do lado. As crianças adoram, mas inteiramente seguro não é", disse o metalúrgico Cláudio Conceição Flores, que foi com a mulher e os filhos ao Zôo e não sabia do tiroteio da véspera. Já o casal Sidney e Márcia Melo Santos, que mora em Petrópolis, viu a notícia na televisão, mas não desistiu de participar da excursão. "Os organizadores perguntaram se nós queríamos mudar a programação, mas a maioria escolheu vir ao zoológico mesmo. Se a gente olhar pelo lado da violência, não sai mais de casa", afirmou Sidney. Com exceção dos seguranças que cuidam do zoológico, a equipe da Agência Estado não viu nenhum tipo de segurança no parque da Quinta da Boa Vista ao chegar, às 12h30 e ao sair, pouco antes das 14 horas. A assessoria da Guarda Municipal informou que foi mantido o efetivo de 12 guardas no parque, sendo quatro circulando em carrinhos elétricos. O policiamento ostensivo da região foi o de rotina, sob responsabilidade do 4.º Batalhão.

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