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Violência nos trios incomoda Daniela Mercury e Carlinhos Brown

Agressividade, dirigida especialmente contra mulheres, está se tornando uma marca desse carnaval

Por Agencia Estado
Atualização:

Quem tem um abadá, uma camiseta que custa entre R$ 150, R$ 500 e até R$ 3.000,00, está a salvo. Mas para quem não tem, aqueles que ficam de fora dos cordões de isolamento em volta dos trios e dos camarotes luxuosos, o carnaval de Salvador é uma aventura às vezes perigosa. Esse fato ficou evidenciado durante a passagem dos trios elétricos no sábado. Daniela Mercury, em cima do camarote Expresso 2222, parou seu show para que a polícia e os paramédicos pudessem prestar socorro a um garoto, agredido a socos, que ficou caído à frente do trio elétrico. ?Em 20 anos de Carnaval, isso nunca aconteceu?, lamentou a cantora, aplaudida pelo seu gesto. O rapaz, que bateu a cabeça no chão, foi atendido e levado ao pronto-socorro e o agressor foi preso. A agressividade, dirigida especialmente contra mulheres, está se tornando uma marca desse carnaval. Os homens brigam constantemente, puxam o cabelo das mulheres e alguns tentam beijá-las à força. ?É preciso acabar com esse apartheid escroto?, discursou Carlinhos Brown ontem, no ato mais político até agora do carnaval. Ele também parou seu show para pedir providências às autoridades contra os excessos violentos dos foliões. Brown referia-se às diversas ?cercas de proteção? que cercam os ricos e excluem da festa aqueles que a criaram, o povo. Apesar do policiamento adequado e que age com rapidez, é difícil coibir a ação de gente que parece ter ido à festa só para arrumar confusão. O carnaval de Salvador parece ter dividido a festa em classes sociais: os de dentro e os de fora. Os bacanas estão em camarotes com ar-condicionado, comida e bebida, massagistas, cabeleireiros e até salas de cinema, caso do camarote de Daniela Mercury. As TVs ficam nesses camarotes, para entrar ao vivo com as cenas do beautiful people, como dizia o colunista Ibrahim Sued. Mas, lá embaixo, a coisa está complicada. Um fotógrafo profissional conta que foi agarrado e esmurrado por três ou quatro sujeitos que tentavam lhe tirar a máquina à força. Não sabe até agora como escapou.

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