Viúva diz que comida de navio intoxicou o marido

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

O jornalista Fernando Escariz, que morreu a bordo do navio Costa Tropicale, na sexta-feira passada, começou a passar mal depois de consumir um filé de merlin gratinado e salsichas. Foi o que informou a viúva do jornalista, a economista Kátia Maria Brandão Escariz, no depoimento prestado ao delegado Rubens Patury, da superintendência da Polícia Federal da capital baiana. A polícia abriu inquérito de homicídio culposo (sem intenção) para apurar as causas da morte do jornalista depois que sua família acusou a tripulação do transatlântico de negligência e atendimento médico inadequado. Patury também ouviu o comandante Giácomo Lombo e o médico Bruno Callero do Costa Tropicale que chegou nesta terça-feira a Salvador cumprindo o roteiro da viagem pelo litoral brasileiro. Lombo disse que não tomou conhecimento que o jornalista estava passando mal no navio. O médico Callero entrou em algumas contradições, principalmente por ter registrado como causa mortis "colapso cardíaco". No entanto, no recibo da conta médica de US$ 570 pago pela família da vítima, assinado pelo próprio Callero, havia a indicação de tratamento de dispepsia (azia) e diarréia, motivada provavelmente por intoxicação alimentar, o que é reforçado pelos antibióticos ministrados pelo médico. Kátia contou em seu depoimento que o marido apresentou sintomas de intoxicação alimentar desde o dia 1 de março e passou seis dias vomitando e tendo diarréia. Segundo o advogado da família, Márcio Bartiloti, horas antes de Escariz morrer, diante do agravamento do seu quadro, Kátia procurou o médico Callero e ele a orientou para levar Escariz a um hospital de Porto Belo (Santa Catarina) a próxima parada do navio. "Ora, ele estava querendo se livrar do problemas pois nem cogitou acompanhar o paciente", disse. Bartiloti disse que outra evidência de que o jornalista não morreu de problemas do coração foi a necropsia realizada no Instituto Médico Legal de Santa Catarina. "Um irmão e um primo de Escariz acompanharam o exame e ouviram do legista que o coração dele estava perfeito e a causa da morte não seria problemas cardíacos, tanto que para liberar o corpo colocou na documentação como causa mortis desconhecida", informou, explicando, contudo, que o resultado oficial da necropsia deve sair nesta quinta-feira. A partir desse resultado é que o advogado vai preparar a ação que entrará contra a empresa Costa Cruzeiros dona do navio. Henrique Miranda, assessor de imprensa da empresa marítima Costa Cruzeiros, responsável pelo navio, disse que o grupo tem interesse de esclarecer tudo. Segundo ele, apenas 9 passageiros dos 1.600 que estavam a bordo no litoral de Santa Catarina, onde Escariz morreu, tiveram problemas gástricos, um número que a empresa considera dentro dos padrões de normalidade. Os depoimentos colhidos pelo delegado Patury serão enviados para a PF de Itajaí (SC), onde o inquérito foi aberto por ter sido o porto de desembarque do corpo do jornalista.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.