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Vizinho diz que Christian contou não ter matado os Richthofen

Segundo Silvio Tadeu Vieira, vizinho da família Cravinhos, Christian contou-lhe que não matou o casal, pois na hora "travou e não conseguiu fazer nada"

Por Agencia Estado
Atualização:

Silvio Tadeu Vieira, vizinho da família Cravinhos e terceira testemunha a depor nesta quarta-feira, 19, no julgamento de Suzane von Richthofen e dos irmãos Daniel e Christian Cravinhos, réus do assassinato dos pais dela confirmou a versão apresentada pelos dois irmãos. Segundo Vieira, Christian contou-lhe que não matou o casal, pois na hora "travou e não conseguiu fazer nada". Vieira disse que sempre evitou falar do crime com Astrogildo. Em apenas uma vez, conversou com Christian sobre o assunto, quando ele contou-lhe que não participou da morte do casal, porque na hora "travou". Segundo ele, apesar de ter ficado apreensivo quando os dois irmãos saíram da prisão, o comportamento dos rapazes era normal. Vieira disse que teve medo de uma possível aproximação entre os Cravinhos e seus filhos pequenos. Mas, quando isso aconteceu, "vi que eles eram pessoas normais". A revelação foi feita quando ele lavava o carro e Christian sentou-se para conversar com ele. "Estávamos conversando sobre os motivos de ele estar em liberdade e aí entramos no assunto". O depoimento de Vieira durou cerca de 20 minutos. O juiz determinou um intervalo, após o qual será ouvida a mãe dos Cravinhos, Nadja. Segundo o assistente da acusação Alberto Zacharias Toron, o depoimento dela deve durar três horas. Em seu interrogatório na segunda-feira, Daniel isentou seu irmão de participação no crime, dizendo que, sozinho, golpeou e matou o casal Manfred e Marísia. Até então, acreditava-se que os dois tinham matado juntos os pais de Suzane. Christian repetiu a nova versão apresentada pelo irmão e disse que apenas assumiu o crime para proteger Daniel. Ontem, no entanto, duas testemunhas disseram ser impossível Daniel ter matado o casal sozinho. Segundo a delegada Cinthia Tucunduva, do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) disse que Daniel recebeu ajuda de pelo menos uma pessoa para a execução. "Haveria barulho demais e um dos dois, provavelmente Marísia, acordaria durante a agressão", disse. A perita do DHPP, Jane Pacheco Belucci, disse que o casal foi agredido simultaneamente. "Não tem como uma só pessoa ter agredido o casal". Já depuseram nesta quarta-feira outras duas testemunhas, o ator Sérgio Gargiulo, amigo e vizinho de Daniel Cravinhos, e Alexandre Basílio, ex-Presidente da Associação Brasileira de Aeromodelismo. Segundo Gargiulo, Daniel abria mão de sua vida para cuidar de Suzane von Richthofen e não o contrário. Na segunda-feira, primeiro dia do julgamento pelo assassinato do casal Richthofen, Suzane disse que abriu mão de sua vida e de seus sonhos por Daniel. Basílio falou sobre a habilidade de Daniel como piloto e construtor de aeromodelismo e disse que ele e o pai, Astrogildo eram freqüentadores da Associação. Segundo Basílio, Daniel sobrevivia da montagem de aviões, especialmente de modelos caros. Basílio descreveu Daniel como um a pessoa pacata e quieta. "Nunca tive problemas com ele durante toda minha presidência. Ele era respeitador e fácil de trabalhar". Estão previstas outras 6 testemunhas para hoje, entre elas a mãe dos dois irmãos, Nadja Cravinhos. Acareação Ao chegar ao Fórum da Barra Funda, o advogado Adib Geraldo Jabur, que defende os irmãos Daniel e Christian Cravinhos, disse que ainda irá avaliar a necessidade da acareação entre seus clientes e a outra ré, Suzane von Richthofen. O procedimento já foi considerado dispensável pelo Ministério Público, que acredita que os depoimentos das testemunhas de acusação, colhidos ontem, já tenham sido suficientes para corroborar sua tese. Caso a acareação não aconteça, o julgamento poderá ser agilizado em pelo menos 5 horas, afirma o MP. Por estes cálculos, a sentença seria proferida na quinta-feira à noite. Caso contrário, o julgamento terminaria somente na sexta-feira. A mãe dos Cravinhos, Nadja, daria o primeiro depoimento - na condição de testemunha de defesa de Christian. Seria a primeira vez que ela se pronunciaria oficialmente no processo. A pedido do juiz Alberto Anderson Filho, as duas testemunhas de Daniel, que passaram mal nos últimos dias, foram ouvidas antes de Nadja. Somente depois desses depoimentos, o juiz decidirá se haverá ou não acareação entre os réus. Contradições Em seus interrogatórios, Daniel, Christian e Suzane entraram em contradição. Daniel Cravinhos inocentou seu irmão, Christian, dizendo que matou sozinho o casal Richthofen. Christian repetiu a versão do irmão, dizendo que apenas confessou o crime para protegê-lo. Suzane, por outro lado, se defendeu das acusações de Daniel, segundo quem ela teria fumado maconha antes de conhecê-lo e não era mais virgem. Suzane rebateu as declarações, dizendo que apenas conheceu as drogas após começar o namoro com Daniel. Crime Suzane, seu ex-namorado Daniel e o irmão dele, Christian, confessaram ter planejado e matado os pais dela, Marísia e Manfred von Richthofen, a golpes de barra de ferro, na casa em que a família vivia, em outubro de 2002. Os três foram denunciados pelo Ministério Público por crime de duplo homicídio triplamente qualificado por motivo torpe, meio cruel e impossibilidade de defesa das vítimas. (Colaborou: Bruno Tavares) Ampliada às 13h06

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