Vizinhos ajudaram no resgate das vítimas

Oftalmologista Edmilson Mariano viu queda do avião de seu apartamento e correu para socorrer sobreviventes

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Por Redação
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Alarmados com a fumaça preta que pairou no ar do bairro da Casa Verde, na zona norte de São Paulo, muitos vizinhos e voluntários correram para a Rua Bernardino de Sena e chegaram antes mesmo das equipes de resgate. Entraram nas casas destruídas, procuraram sobreviventes, rezaram para não encontrar mortos. Sem premeditar, viraram heróis. Entre essas histórias está a de Edmilson Mariano, de 35 anos. O oftalmologista tem o hábito de observar pousos e decolagens no Campo de Marte da sacada de seu apartamento. Ontem, viu a tragédia se anunciar quando o Learjet fez a curva para a direita. Assim que viu a trajetória estranha do avião e, em seguida, a queda nas casas, já sabia o que fazer. "Olhei para a minha mulher e disse: ?Vou para lá ajudar no que puder?." De bermuda e camiseta, correu para o endereço do acidente. Ele ajudou a socorrer uma das meninas sobreviventes, que saiu pelos fundos da casa. E organizou um ambulatório improvisado em uma das residências vizinhas. Mediu a pressão das pessoas e tentou controlar uma situação que, até aquele momento, estava incontrolável. A família Michelato foi outra que driblou a fatalidade. Pai e filho correram na direção do que chamaram de "bola de fogo". "Passou um avião ?raspando? na minha casa", definiu Ângelo. "Eu vi a fumaceira e saí correndo. Foi impressionante. O avião que caiu sumiu lá dentro, não sobrou nada", descreveu. "De repente, eu ouvi uma pessoa me chamar lá do porão: ?Seu Ângelo, nós estamos aqui?. Eu comecei a chorar. Nem sei se essas crianças escaparam. Tomara Deus que sim." DOAÇÃO Seu Ângelo conhece todas as pessoas da família, pois mora na Bernardino de Sena há 16 anos. O filho dele, Airton Michelato, entrou na casa juntamente com os bombeiros para tentar ajudar na identificação das vítimas. "Corri para lá e consegui tirar uma jovem com escombros até a cintura", comenta Airton, que disse ainda ter visto duas pessoas mortas, sentadas num sofá. "Foi uma sensação horrível." O sofá descrito por ele foi doado por José Carlos, de 40 anos, que mora no número 137 da Bernardino. "Era uma família muito humilde e resolvi doar esse sofá para eles. Estava almoçando em casa, quando ouvi um barulho de guerra. Ainda tentei fazer alguma coisa por essa gente."

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