Vizinhos da linha do trem se queixam dos apitos a toda hora

Atraídos pela boa localização, eles se mudaram para imóveis erguidos por construtoras no eixo ferroviário

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Por Redação
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Três regiões onde o governo quer promover o adensamento por meio da revisão do Plano Diretor já são atualmente alvos do mercado imobiliário. Às margens da linha ferroviária usada pelos trens metropolitanos, Barra Funda, Mooca e Ipiranga concentraram mais de 8 mil unidades comercializadas nos últimos três anos. Só que a reocupação até agora ocorre sem nenhum planejamento em conjunto com o poder público. As construtoras já anunciam as futuras estações do Metrô e a facilidade de deslocamento por grandes avenidas ao vender imóveis nesses bairros. O barulho do trem, contudo, segue como a principal reclamação de quem tem a sacada quase à beira dos trilhos. É o caso de moradores de prédios recém-construídos ao longo da orla ferroviária que cruza a Barra Funda pela Rua Capistrano de Abreu. A dona de casa Marilda Gomes Leone, de 71 anos, que há sete meses trocou a Freguesia do Ó pela Barra Funda, reclama do trem, assim como a maior parte dos moradores do Home Station Nova Barra que fez um abaixoassinado em favor da modernização da linha ferroviária. "A linha já estava aí antes de nós chegarmos. Mas é lógico que incomodam muito os apitos toda hora", conta a dona de casa, que, no entanto, acha que lá está mais bem localizada que na zona norte. "Minha filha tem mais facilidade para ir ao emprego e estou bem no centro. Apesar do trem, a rua é pouco movimentada." O engenheiro químico Ronaldo Caruso, de 42 anos, também trocou a zona norte pela Barra Funda em 2008. Ele comprou um apartamento de três quartos para ficar mais próximo do trabalho, no centro. "Por mais que eu queira achar que compensou a troca, o trem me faz pensar o contrário todo dia. O primeiro apito ocorre às 4 horas e não para mais o dia inteiro. É difícil. Se soubesse, teria pensado melhor." Menos de três meses depois de se mudar da Pompeia para a Lapa, ao lado da linha férrea, a farmacêutica Renata Ruas de Alencar, de 36 anos, se diz arrependida. "Quando penso que vou passar anos da minha vida ouvindo esse apito do trem, tenho vontade de vender o apartamento. Não aconselho ninguém a morar perto da linha."

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