Vizinhos de viaduto que desabou em BH criam comissão para acompanhar a perícia

Moradores de condomínios da região temem que as estruturas dos prédios tenham sido abaladas com a queda

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Por Flórence Couto
Atualização:

Os moradores dos condomínios Antares e Savana formaram neste sábado, 5, uma comissão para acompanhar os trabalhos de perícia e de demolição do viaduto Guararapes. Os condomínios ficam ao lado da construção que desabou na última quinta-feira. A decisão foi tomada após uma reunião entre a advogada do condomínio Antares, Ana Cristina Campos Dumont, e representantes da Defesa Civil. Na ocasião as autoridades e a representante dos moradores acordaram que tudo o que for feito será repassado à comissão. "Está sendo garantido a nós que vão quebrar o viaduto que caiu para que seja liberado o tráfego. Só que queremos garantia de que o condomínio não vai ser afetado e não vamos ter mais uma viga de ferro caída lá dentro. Tudo será registrado em atas que nós vamos assinar", afirmou a advogada. Para garantir o acordo, ela fará um termo de compromisso e pedirá que representantes da Defesa Civil e da Sudecap, que o prefeito de Belo Horizonte Marcio Lacerda e que o governador de Minas Gerais Alberto Pinto Coelho assinem o documento. 

 

Nos dois condomínios há 12 blocos com 132 apartamentos. Os moradores temem que a estrutura dos prédios tenha sido abalada. "Temos algumas rachaduras no chão que apareceram depois que o viaduto desabou. No meu apartamento não houve nenhuma rachadura. Mas a olho nu, a gente não pode assegurar nada", contou o representante comercial Natanael Arley, de 37 anos, que mora com a esposa e um filho. Ele explicou que antes do início da obra, os moradores reclamaram do projeto. "Nós ficamos preocupados na época porque o viaduto era muito próximo do condomínio", contou. 

"Sabia que tinha algo errado porque enquanto eles mexiam a gente escutava trincar", disse aposentada que mora na região Foto: Clayton de Souza/Estadão

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Essa também era uma preocupação da pedagoga Adma Campos Saldanha, de 42 anos. "Nós achávamos que alguma coisa iria acontecer, só não sabíamos se seria antes ou depois de concluída a obra. A gente achou que depois da conclusão pudesse cair algum carro ou moto aqui dentro, porque a curvatura invadia bastante o terreno do nosso condomínio", afirmou a pedagoga. Ela relatou que os operários trabalhavam 24 horas. "Diziam que tinham prazo e que tinham que trabalhar a qualquer hora".

 

Outra moradora do condomínio Antares, Ermelinda da Silva Lobo, 63 anos, contou que chegou a informar aos funcionários da obra que algo estava estranho no viaduto. "Eu passei nele menos de 24 horas antes e comentei com o funcionário 'Eu não estou gostando disso, isso vai cair'. Ele me disse: 'que isso, dona, isso não vai cair, não", contou a aposentada. O alerta feito por ela foi às 16h30 de quarta-feira, véspera do desabamento. "Sabia que tinha algo errado porque enquanto eles mexiam a gente escutava trincar", complementou.

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