18 de agosto de 2010 | 00h00
Candidata do PT, Dilma Rousseff criticou programa eleitoral do adversário tucano, José Serra, depois de afirmar que o "o povo não é bobo". O presidenciável do PSDB acusou a petista de plagiar suas propostas de governo, além de cobrar uma posição da rival em relação ao refúgio de iraniana.
Dilma disse não acreditar que a utilização de uma voz semelhante à do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no programa de rádio de Serra possa surtir efeito e render votos favoráveis ao tucano. "O povo não é bobo", afirmou a petista, após participar de evento com integrantes de seis centrais sindicais em São Paulo. Ela disse acreditar na "inteligência, no discernimento e senso crítico" dos eleitores.
"O povo sabe quem é quem", afirmou. Sem citar o nome de Serra nem o PSDB, a candidata acusou o partido de fazer uma oposição "radical, dura e com o fígado" durante o governo Lula. "Não pode querer, nas eleições, passar pelo que não é."
Durante o evento, Dilma recebeu documento assinado por mulheres que integram as seis principais centrais sindicais do País com propostas da categoria, incluindo a redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais e a descriminalização do aborto. Questionada pela imprensa, a petista foi evasiva. Sobre a redução da jornada de trabalho, a candidata afirmou ser uma luta dos trabalhadores. E em relação ao aborto, ela disse ser favorável à manutenção da atual legislação que permite o aborto em caso de estupro e de risco de morte para a mulher.
Congresso. Secretária nacional da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Rosane Silva disse não ver problema com o posicionamento da candidata. Na sua avaliação, uma vez que as propostas sejam aprovadas no Congresso, Dilma não deve vetá-las.
O evento na Casa de Portugal foi organizado pelo comitê de campanha de Dilma, de acordo com sindicalistas.
Cobrança. Serra elevou o tom das críticas contra Dilma, chegando a acusá-la de plágio. "Eu faço propostas e, depois de dois a três meses, a candidata do PT faz a mesma proposta. Já são sete. Estou fazendo uma coleção", disse. "O importante não é a cópia. Só queria às vezes o direito autoral." Serra fez as declarações ao participar do XX Congresso Nacional das Santas Casas e Hospitais Filantrópicos, em Brasília.
Entre as cópias atribuídas a Dilma, o tucano mencionou o Mãe Cegonha, segundo ele, cópia do Mãe Paulistana, criado na Prefeitura de São Paulo.
Ex-ministro da Saúde, Serra também declarou que Dilma recebe "números maquiados" do governo federal em sua campanha, inflando a quantidade de cirurgias realizadas no País. "Houve encolhimento das principais cirurgias eletivas nos últimos anos, até mesmo de cataratas, apesar dos truques que o Ministério da Saúde tem feito para assessorar a candidata."
Iraniana. Serra também cobrou que Dilma deveria tomar uma posição em relação ao refúgio ou asilo político da iraniana Sakineh Ashtiani. Acusada de adultério e assassinato, ela tem 43 anos e dois filhos. A iraniana e sua família negam as acusações.
Após citar o ministro Paulo Vannuchi, da Secretaria dos Direitos Humanos, o tucano afirmou: "Ele tinha de explicar por que o governo disse que tinha carinho e amizade pelo (Mahomoud) Ahmadinejad. Acho que tudo isso é puramente eleitoral. Nunca duvido das posições pessoais do Paulo Vannuchi. O fato é que o Brasil manifestou durante todo esse tempo carinho, amizade e confiança para o Irã", disse.
"Tem de perguntar para o Vannuchi sobre Cuba", acrescentou Serra. "Aliás, ela (Dilma) também que tem de explicar por que nunca reclamou do Irã, que é uma ditadura. Nunca disse uma palavrinha áspera com relação àquela ditadura fascista e feroz."
Encontrou algum erro? Entre em contato
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.