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Xuxa adere a programa que combate violência contra crianças

A intenção é que artistas, políticos e governantes também desenhem a própria mão como forma de demonstrar o repúdio aos castigos físicos e humilhantes contra crianças

Por Agencia Estado
Atualização:

A apresentadora Xuxa Meneghel selou nesta sexta-feira sua adesão ao Programa de Erradicação de Castigos Físicos e Humilhantes a Crianças e Adolescentes desenhando sua própria mão num livro artesanal. O livro, produzido por dez organizações que se aliaram pelo fim desse tipo de punição, percorrerá os países como parte da divulgação da campanha. A intenção é que artistas, políticos e governantes também desenhem a própria mão como forma de demonstrar o repúdio aos castigos físicos e humilhantes contra crianças. Em agosto, serão lançados o comercial de tevê, cartazes e cartilhas. Segundo dados coletados em delegacias, varas da infância e juventude e conselhos tutelares de 182 municípios de 25 Estados pelo Laboratório de Estudos da Criança da Universidade de São Paulo (Lacri/USP), nos últimos dez anos foram registrados 129.495 casos de negligência e violência física, sexual, psicológica e fatal contra crianças e adolescentes. Já os dados do Disque-Denúncia, divulgados hoje, em 2004 houve 6.110 denúncias de maus-tratos (71%), abandono (18%) e violência sexual (11%) contra crianças e adolescentes. Foram citados casos de crianças obrigadas a ingerir as próprias fezes ou andar na rua com o lençol em que fizeram xixi. "Está errado bater numa criança. Sinto muito se as pessoas cresceram pensando que isso está certo. Mas não está. Criança não vem ao mundo para apanhar, para sofrer. É estranho que a gente tenha que se reunir para falar uma coisa óbvia. E olha que a loura sou eu", disse a apresentadora. Lei do mais fraco A idéia da campanha é eliminar o castigo físico e humilhante como forma de prevenir contra outras modalidades de violência. "A violência é construção da sociedade. Ao bater numa criança, ensina-se que o mais forte se impõe pela força e ela vai reproduzir esse comportamento", diz Márcio Schiavo, coordenador da aliança de organizações. A campanha não propõe que as crianças sejam criadas sem limites ou que não possam ser contrariadas. "É preciso encontrar uma forma de corrigi-las que não seja pela violência", disse Schiavo. "Ninguém vai dizer como você deve educar seu filho. Mas bater não pode. Uma palmada mais na frente vira uma paulada", completou Xuxa. A apresentadora lembrou a história de uma mulher atendida pela Fundação Xuxa Meneghel cujo marido assassinou o filho. "Ele quebrou o pescoço do próprio filho porque tinha o raciocínio: ´é meu, posso fazer o que eu quiser´. Não é uma questão de posse. A criança é um ser humano e tem o direito de não ser maltratada", afirmou Xuxa. Denise Stuckembruck, da ONG Save The Children-Suécia, disse que a campanha atinge países da Ásia, África, Oriente Médio, Europa e América Latina. "A ONU hoje divulgou um documento oficial em que pede medidas efetivas e imediatas dos países contra os castigos físicos e humilhantes. É simbólico e emocionante que nós estejamos reunidos aqui hoje". Schiavo está entrando em contato com empresas para que imprimam em sacolas de supermercado, cartões de loteria, pacotes de fralda e outros produtos mensagens da campanha. O programa "Criança Esperança" da Rede Globo terá como um dos temas o fim dos castigos. Xuxa anunciou que tratará do assunto nos programas especiais de fim de ano e no DVD "Xuxa Circo - O Show".

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