Zé Celso rejeitou todos os projetos já apresentados

Mesmo com permissão legal, Grupo Silvio Santos não deu início às obras; liminar proibiu construção por 1 ano

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Por Bruno Paes Manso
Atualização:

Com a credencial de ter trabalhado com Lina Bo Bardi, autora do atual projeto do Teatro Oficina, o arquiteto Marcelo Carvalho Ferraz foi contratado em 2004 pelo Grupo Silvio Santos e era visto como a solução capaz de conciliar os interesses de ambas as partes. Assumiu, então, o desafio, tentando criar um centro comercial que abriria espaço para a construção de um amplo teatro com capacidade para 2 mil pessoas. Esse teatro gigante, inspirado na idéia original de Lina e defendido por José Celso Martinez Corrêa, teria ligação direta com o Oficina, que poderia usá-lo, conforme a exigência de cada peça. No projeto de Ferraz, entre os dois teatros haveria também um Jardim Oficina de Florestas, que preservaria o pau-brasil existente no interior do Oficina. Ferraz defendia que o shopping tivesse contato direto com o entorno e recebesse luz natural como fonte de iluminação, seguindo os modelos do Conjunto Nacional, na Avenida Paulista, e da Galeria do Rock, no centro de São Paulo. O projeto foi aprovado pelo Grupo Silvio Santos e as obras tinham autorização para começar tanto do Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo (Conpresp) como do Conselho Estadual de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo (Condephaat). Em janeiro de 2007, o advogado Cristiano Padial Fogaça Pereira, representante da Associação Teatro Oficina Uzyna Uzona, presidida por José Celso Martinez Correa, conseguiu uma liminar na Justiça para impedir o início das obras. O diretor do Oficina não concordou com o projeto de Ferraz. Em vez de um centro de consumo, Zé Celso planejava que o entorno da região tivesse jeito de praça, sem muros ou grades. Um Teatro Estádio, concebido por Lina Bo Bardi, ficaria ao fundo do Oficina. Haveria uma grande área verde no terreno, a chamada Oficina de Florestas - batizada por Caetano Veloso na letra de Sampa -, além de uma universidade antropofágica e uma área de convívio sob o Minhocão, idealizada pelo arquiteto Paulo Mendes da Rocha. "O Ferraz pegou nossas idéias e as desvirtuou. O Oficina continuou confinado." A liminar que impedia o início da construção foi derrubada em dezembro. Mesmo com permissão legal, o Grupo Silvio Santos não começou as obras, estimulando especulações sobre a desistência do shopping ou sobre a intenção de mudar o projeto - alternativa que se confirmou com as consultas feitas agora pelo grupo.

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