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Acadêmicos lamentam destruição de acervo após incêndio no Museu Nacional

Coleção continha 20 milhões de itens relativos a áreas como arqueologia, zoologia, etnologia e geologia

Por Roberta Pennafort
Atualização:

RIO - Acadêmicos lamentaram a provável perda por completo do acervo do Museu Nacional, destruído neste domingo, 3. O incêndio no prédio já dura cerca de quatro horas, e há ameaça de desabamento. A riqueza do material guardado pela instituição, 20 milhões de itens relativos a áreas como arqueologia, zoologia, etnologia e geologia, incluindo coleções da antiguidade, trazidas ao Brasil no século 19, foi ressaltada em textos compartilhados no Facebook, assim como a impossibilidade de substituir o que foi queimado.

Quando o fogo começou, a visitação ao museu já havia sido encerrada e estavam no prédio quatro vigilantes, que não se feriram Foto: Marcos Arcoverde/Estadão

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O museu é da Universidade Federal do Rio de Janeiro. A antropóloga Alba Zaluar, formada na UFRJ nos anos 1960, apontou que o incêndio significa “a perda do maior acervo de egiptologia e outras artes antigas no Brasil; os afrescos de Pompeia da imperatriz Teresa Cristina, a residência do imperador, a perda da melhor biblioteca de antropologia, quiçá de ciências sociais, além de outros acervos fotográficos e multimídia de numerosas pesquisas de campo”.

Doutora em antropologia, Alba lembrou que o prédio histórico é um dos mais importantes do período imperial brasileiro. “Sem falar na coleção de história natural, a maior coleção de espécimes no Brasil. A quem interessa essa destruição? Tantas vezes seus diretores, meus amigos, denunciaram o abandono e a falta de manutenção deste patrimônio federal, crucial para o Brasil porque guardava tanto da sua história. Estou em estado de choque.”

Ivana Bentes, doutora em comunicação e ex-diretora da Escola de Comunicação da UFRJ, apontou que é “a história do Brasil queimando”. “São 20 milhões de peças e documentos destruídos! Séculos de arqueologia, peças, esqueletos, cultura indígena, fauna, flora, tudo! Camadas de tempo e de história e conhecimento. Duzentos anos de documentos, toda a história do império queimado, paleontologia, antropologia do Brasil”.

Ivana isentou a UFRJ de culpa na tragédia no museu. “Essa precariedade não é descaso da UFRJ, não existe política pública para manter e conservar nosso patrimônio. É o mesmo descaso com o patrimônio, a pesquisa, a ciência e tudo o que é PÚBLICO. O museu sobrevive com o mínimo de recursos do Estado. O público fazia vaquinha para ajudar na manutenção!E não venham dizer que a culpa é da UFRJ! Patrimônio público precisa de recurso e investimento público.”