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Buscas em prédios que desabaram no Rio entram no 3º dia

Ao menos dez pessoas morreram e 15 continuam desaparecidas em desabamento de prédio na comunidade da Muzema

Foto do author Marcio Dolzan
Por Fabio Grellet e Marcio Dolzan
Atualização:

RIO - O Corpo de Bombeiros segue trabalhando no local dos dois prédios, construídos ilegalmente na comunidade da Muzema, que desabaram na zona oeste do Rio de Janeiro. Desde a manhã de sexta, 100 militares da corporação atuam nas buscas com o auxílio de cães farejadores, drones e helicópteros. O corpo de uma mulher foi encontrada no domingo, 14. Com mais essa vítima, chegou a dez o número de mortos. Ainda há 15 desaparecidos.

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Na noite de sábado, foi encontrado o corpo de um menino nos escombros. O corpo da criança foi encontrado por volta das 22h do sábado, 13. Duas horas antes, os bombeiros haviam localizado mais uma vítima, uma mulher, entre os escombros. Os dois corpos, ainda não identificados, foram encaminhados para o Instituto Médico Legal.

Ao todo, os bombeiros retiraram 17 pessoas dos escombros, seis delas com vida. Um adolescente morreu no hospital. Ainda há quatro sobreviventes internados. 

Na madrugada do sábado, 13, o adolescente Hilton Guilherme Sodré, que havia sido resgatado com vida dos escombros horas antes, morreu durante cirurgia no Hospital Municipal Miguel Couto, na Gávea (zona sul do Rio). Hilton passou cerca de 16 horas sob os escombros.

Corpo de Bombeiros vai passar a madrugada tentando localizar pessoas entre os escombros Foto: FERNANDO FRAZAO/AGENCIA BRASIL

Os bombeiros acreditam que ainda podem encontrar sobreviventes. "Este cenário (queda de edifício) é muito mais propício a encontrar vida (do que num deslizamento de terra), porque a gente pode trabalhar com células, pequenos habitáculos onde as pessoas podem se manter vivas", explicou o coronel Luciano Sarmento, que coordena a operação.

Segundo Sarmento, as buscas por sobreviventes irá continuar até o fim da operação. "Temos relatos de pessoas que sobreviveram até sete dias nessas condições. Vamos trabalhar até o fim da operação com essa possibilidade."

A Secretaria Municipal de Infraestrutura e Habitação determinou a demolição de mais três prédios do entorno. Dois deles passam por trabalho de escoramento para que não desabem durante os trabalhos de busca por vítimas. Outros imóveis passam por vistoria e podem ter o mesmo destino.

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O prefeito do Rio, Marcelo Crivellafoi até a comunidade da Muzema para acompanhar as buscas. Ao chegar ao local, por volta das 8h30 da manhã, duas horas depois do desabamento, o prefeito foi vaiado pela população que se aglomerava na rua à espera de notícias sobre os moradores dos prédios. 

Juliana Carvalho Moura, que mora na casa em frente aos dois prédios que desabaram, contou que uma moradora do primeiro andar de uma das construções chegou a gritar para tentar alertar os vizinhos do desmoronamento iminente. "Eram umas 6h30, e dava pra ouvir muitos estalos, barulho, e a mulher começou a gritar 'tá caindo, tá caindo, sai, vai cair'. Achei que era a ribanceira que tava caindo, mas era o prédio", contou. 

Irregularidades

Todo o condomínio foi construído sem licenciamento e não tem ART (Anotação de Responsabilidade Técnica) nem engenheiro responsável. As obras foram interditadas em novembro de 2018, segundo a prefeitura do Rio. 

Os apartamentos nos prédios irregulares construídos e comercializados por milicianos são vendidos a preços abaixo do mercado. Unidades de dois quartos, com garagem, estavam sendo vendidos por valores que iam de R$ 40 mila R$ 100 mil.

Moradores contam que sabiam que os imóveis eram irregulares, mas que comprá-los era a forma encontrada para conseguir ter um lugar para morar.

Saibam quem são as vítimas

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Feridos  Raimundo Nonato Ferreira Gomes, 41 anos, já teve alta; Luciano Paulo Dos Santos , 38 anos, alta médica confirmada; Adilma Rodrigues, 35 anos, está internada em estado grave no Lourenço Jorge (mãe da sobrevivente Clara Rodrigues e esposa de Claudio Rodrigues, um dos mortos confirmados); Clara Rodrigues, criança de 10 anos, já teve alta (filha da sobrevivente Adilma Rodrigues e de Claudio Rodrigues, um dos mortos confirmados); Evaldo Vieira Silva, 46 anos, está internado no Miguel Couto; Carolina Ferreira Andrade, 29 anos, teve alta médica Rafael Paes Leme Do Nascimento, 4 anos, está internado no Miguel Couto (irmão de Pedro Lucas, um dos mortos confirmados e filho de Paloma Paes (sobrevivente) e Raimundo Nonato do Nascimento (morto); Paloma Paes Leme Barroso, 44 anos, está internada no Miguel Couto (mãe do sobrevivente Rafael Paes e de Pedro Lucas, um dos mortos confirmados). Esposa de Raimundo Nonato do Nascimento, morto confirmado;  Isabele Sodré de Souza, criança de 4 anos (filha dos mortos Maria Nazaré e Hiltonberto e irmã de Hilton Guilherme, também morto).

Mortos Raimundo Nonato do Nascimento, 40 anos, era motorista; Claudio Rodrigues, 40 anos, morreu no Hospital Unimed; Hiltonberto Rodrigues de Souza; Maria Nazaré de Souza; Hilton Guilherme Sodré de Souza, 12 anos (irmão da sobrevivente Isabele Sodré de Souza, 4 anos, e filho de Maria Nazaré e Hiltonberto)  Pedro Lucas, 7 anos (filho de Raimundo Nonato do Nascimento, um dos mortos confirmados, e da sobrevivente Paloma Paes Leme Barroso e irmão de Rafael Paes (sobrevivente); Dois menores ainda não identificados; Duas mulheres não identificadas.

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