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Advogado diz que filho de deputada não confessou assassinato de pastor em Niterói

Polícia havia informado que Flávio dos Santos, filho de Flordelis e enteado de Anderson, tinha admitido participação no crime, o que a defesa nega. Mulher da vítima prestou depoimento nesta segunda

Por Roberta Jansen
Atualização:

RIO - O advogado Anderson Rollemberg, um dos responsáveis pela defesa de Flávio dos Santos, suspeito de ter participado da morte do padrasto, Anderson do Carmo, na madrugada do dia 16, contestou a versão divulgada pela polícia e afirmou que o seu cliente não deu nenhum depoimento admitindo o crime.

A deputada Flordelis contestou a hipótese de que um de seus filhos tenha cometido o crime Foto: WILTON JUNIOR / ESTADÃO

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“A autoridade diz que houve confissão, mas ele falou para mim que não confessou”, disse o advogado, que esteve nesta segunda-feira, 24, na Delegacia de Homicídios (DH) de Niterói e São Gonçalo, onde o crime está sendo investigado. “E, se existe uma confissão, já digo que ela não é idônea, não condiz com a verdade.”

Na última sexta-feira, a polícia informou que Flávio confessou ter disparado seis tiros contra o marido de sua mãe, a deputada Flordelis. O Ministério Público confirmou a confissão. Flávio está preso na carceragem da DH desde o dia seguinte ao crime. Um outro filho do casal, Lucas dos Santos, de 18 anos, teria ajudado o irmão a comprar a arma usada no crime por R$ 8 mil.

Nesta segunda, a deputada Floredelis esteve na delegacia para prestar novo depoimento, na condição de testemunha. Ela chegou por volta de 12h30 e ficou no local até 22h. A deputada não falou com a imprensa antes nem após o depoimento. Ela programou uma entrevista coletiva para a tarde de terça-feira, 25. Outras 25 pessoas da casa da deputada – entre filhos, parentes e funcionários – também estiveram na delegacia.

A polícia e o MP não descartam a participação da deputada no crime, bem como a de outros filhos e parentes. Flordelis e o pastor tinham 55 filhos, entre biológicos e adotivos.

“Um homicídio aconteceu dentro de uma casa, então todas as pessoas que estavam dentro da casa devem ser cogitadas”, afirmou  nesta segunda, em entrevista à radio CBN, o promotor Sergio Luiz Lopes Pereira, que acompanha o caso. Ele reclamou também que a família não estaria colaborando para o esclarecimento do crime.

“O que esperamos da família, especialmente da esposa, é uma maior colaboração com o MP e a polícia”, afirmou. “No dia do crime, ela foi até a delegacia e disse que estava com o celular do marido; até hoje esse celular não foi entregue. O celular do Flávio também não foi entregue.”

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O promotor contou ainda que, no dia em que esteve na casa da deputada, havia uma grande fogueira no quintal, onde provas podem ter sido destruídas.

O fato de a família não estar colaborando com a investigação foi também a alegação dada pelo advogado Angelo Máximo, contratado  pela mãe e por uma irmã do pastor para acompanhar as investigações sobre a sua morte.

Os advogados de Flávio e de Lucas informaram que vão pedir a transferência de ambos para um presídio. Os dois seguem presos na carceragem da DH e, segundo seus advogados, não tiveram acesso a produtos de higiene, não puderam tomar banho e estão se alimentando muito mal.

O pastor foi morto na madrugada do domingo retrasado após chegar em casa, em Pendotiba, com a mulher. Ele foi alvo de mais de 30 tiros, muitos deles na região genital. Câmeras de segurança da rua revelam que ninguém entrou nem saiu da casa. Segundo a polícia e o MP foi um crime de ódio, ligado a assuntos de família. /COLABOROU FÁBIO GRELLET

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